O que é Insetos Gafanhotos

Os insetos classificados como gafanhotos pertencem à ordem Orthoptera e são considerados algumas das pragas agrícolas mais vorazes e destrutivas do mundo, devido à sua capacidade de consumo de biomassa vegetal e mobilidade. No contexto do agronegócio brasileiro, embora existam diversas espécies nativas que convivem em equilíbrio no ecossistema, a atenção técnica recai principalmente sobre as espécies com comportamento gregário, capazes de formar as chamadas “nuvens de gafanhotos”. Espécies como o gafanhoto-sul-americano (Schistocerca cancellata) e o gafanhoto-do-mato-grosso (Rhammatocerus schistocercoides) são de particular interesse fitossanitário, pois podem causar danos severos a pastagens, lavouras de grãos (soja e milho), cana-de-açúcar e frutíferas.

Esses insetos possuem aparelho bucal mastigador e atuam como desfolhadores severos. Uma característica biológica fundamental é o polimorfismo de fase: eles podem alternar entre uma fase solitária, onde são inofensivos e vivem isolados, e uma fase gregária, desencadeada por condições climáticas específicas e densidade populacional. Na fase gregária, sofrem alterações morfológicas e comportamentais, agrupando-se em bandos (ninfas) ou nuvens (adultos) que migram por grandes distâncias em busca de alimento, consumindo praticamente qualquer material vegetal em seu caminho.

O manejo desses insetos exige uma vigilância constante, especialmente em regiões de fronteira e áreas historicamente propensas a surtos. O controle eficaz depende diretamente da detecção precoce dos focos, alinhando-se aos princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). A presença desses insetos em altas densidades representa um risco iminente à segurança alimentar e à economia agrícola, exigindo ações coordenadas entre produtores e órgãos de defesa sanitária vegetal.

Principais Características

  • Polifagia: A maioria das espécies de gafanhotos-praga possui hábito alimentar generalista, consumindo folhas, caules, flores e frutos de uma vasta gama de culturas agrícolas e vegetação nativa.
  • Comportamento Gregário: Sob certas condições ambientais, liberam feromônios que estimulam a agregação, formando nuvens migratórias que podem conter milhões de indivíduos e cobrir dezenas de quilômetros quadrados.
  • Ciclo de Vida Hemimetábolo: Apresentam metamorfose incompleta, passando pelas fases de ovo, ninfa (saltão) e adulto. As ninfas são semelhantes aos adultos, mas sem asas funcionais, e já causam danos significativos.
  • Alta Capacidade Reprodutiva: As fêmeas depositam ovos em massas (oootecas) no solo, podendo gerar centenas de descendentes por ciclo, o que favorece explosões populacionais rápidas em condições favoráveis.
  • Voracidade: Um gafanhoto adulto pode consumir o equivalente ao seu próprio peso em alimento fresco por dia; uma nuvem de tamanho médio é capaz de consumir a mesma quantidade de alimento que milhares de pessoas.
  • Mobilidade e Migração: Na fase adulta, possuem grande capacidade de voo, podendo percorrer até 150 km em um único dia, impulsionados pelo vento, o que dificulta o controle localizado.

Importante Saber

  • Monitoramento é Crucial: A identificação de focos iniciais na fase de ninfa (saltões) é o momento mais eficiente para o controle, pois os insetos ainda não voam e estão concentrados em áreas menores (reboleiras).
  • Notificação Obrigatória: A presença de nuvens ou grandes aglomerações de gafanhotos deve ser imediatamente notificada aos órgãos estaduais de defesa agropecuária ou ao Ministério da Agricultura (MAPA), pois trata-se de uma praga quarentenária ou de surto.
  • Influência Climática: Períodos de seca prolongada seguidos de chuvas e temperaturas elevadas favorecem a eclosão dos ovos e o desenvolvimento rápido das ninfas, sendo gatilhos comuns para surtos populacionais.
  • Controle Biológico e Químico: O manejo deve priorizar o uso de biopesticidas (como fungos entomopatogênicos Metarhizium) quando possível, reservando o controle químico para situações de nível de dano econômico iminente, sempre respeitando a seletividade para não eliminar inimigos naturais.
  • Diferenciação de Espécies: Nem todo gafanhoto é uma praga perigosa; é fundamental a identificação taxonômica correta para evitar o uso desnecessário de defensivos em espécies solitárias que não representam risco econômico.
  • Manejo Integrado: A rotação de culturas e o preparo do solo podem expor as oootecas à dessecação ou predação, auxiliando na redução do inóculo da praga para a safra seguinte.
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