O que é Insetos Sugadores

Os insetos sugadores constituem um grupo funcional de pragas agrícolas de extrema relevância econômica para o agronegócio brasileiro. Pertencentes majoritariamente à ordem Hemiptera, estes organismos caracterizam-se por serem fitófagos, ou seja, alimentam-se de vegetais. A principal distinção biológica deste grupo é a presença de um aparelho bucal especializado do tipo picador-sugador, que funciona de maneira análoga a um estilete ou agulha. Essa estrutura permite que o inseto perfure os tecidos vegetais (epiderme) para alcançar os vasos condutores e extrair a seiva e os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da planta.

No contexto das lavouras brasileiras, os representantes mais notáveis deste grupo incluem os percevejos (como o percevejo-marrom e o barriga-verde), as cochonilhas, os pulgões e as cigarrinhas. Eles afetam uma vasta gama de culturas, desde commodities como soja, milho e algodão, até culturas perenes como café e cana-de-açúcar. A atuação desses insetos não se limita apenas à sucção de seiva; muitas espécies injetam toxinas enzimáticas durante a alimentação, o que provoca necrose de tecidos, deformação de folhas e frutos, e o “chochamento” de grãos, impactando diretamente a produtividade e a qualidade final da colheita.

Além dos danos diretos, os insetos sugadores são vetores frequentes de patógenos, podendo transmitir vírus e bactérias de uma planta doente para uma sadia. A sua capacidade de adaptação é alta, com muitas espécies sobrevivendo na entressafra em plantas daninhas ou restos culturais. O controle dessas pragas exige monitoramento constante, pois elas podem atacar diferentes partes da planta, desde o sistema radicular (como certas cochonilhas e percevejos castanhos) até as estruturas reprodutivas, sendo particularmente nocivas nas fases de florescimento e enchimento de grãos.

Principais Características

  • Aparelho Bucal Especializado: Possuem um estilete (rostro) adaptado para perfurar tecidos vegetais rígidos e sugar fluidos internos, diferindo de insetos mastigadores que consomem a folha inteira.

  • Ciclo de Vida Hemimetábolo: Geralmente passam pelas fases de ovo, ninfa e adulto. As ninfas, embora menores e muitas vezes sem asas desenvolvidas, já possuem o mesmo hábito alimentar dos adultos e causam danos significativos.

  • Polifagia e Adaptação: Muitas espécies, como os percevejos da família Pentatomidae, são polífagas, alimentando-se de diversas culturas e plantas hospedeiras alternativas, o que facilita sua permanência na área durante o ano todo.

  • Diversidade Morfológica: Apresentam grande variação física. Enquanto percevejos possuem corpo em forma de escudo e alta mobilidade, cochonilhas podem ser imóveis na fase adulta, protegidas por carapaças ou secreções cerosas (aspecto farinhento).

  • Comportamento Gregário: Em fases jovens (ninfas), é comum que se alimentem em grupos para facilitar a quebra da resistência dos tecidos da planta através da ação conjunta da saliva tóxica.

Importante Saber

  • Fases Críticas de Ataque: Embora possam estar presentes em todo o ciclo, os danos são irreversíveis e economicamente mais graves durante os estágios reprodutivos da cultura (floração e formação de vagens/grãos), exigindo rigor no monitoramento nestes períodos.

  • Danos Ocultos: Algumas espécies, como a cochonilha-de-raiz e o percevejo-castanho, atacam o sistema radicular. O sintoma na parte aérea (amarelecimento ou murcha) pode ser confundido com deficiência nutricional ou estresse hídrico, exigindo inspeção do solo para diagnóstico correto.

  • Manejo na Entressafra: A sobrevivência desses insetos em pontes verdes (plantas daninhas e tiguera) é alta. O manejo de dessecação antecipada e controle de invasoras é fundamental para reduzir a população inicial da praga na próxima safra.

  • Identificação Correta: É crucial distinguir as espécies fitófagas das predadoras. Existem percevejos que se alimentam de outros insetos e atuam como controle biológico natural; a aplicação indiscriminada de defensivos pode eliminar esses aliados.

  • Resistência e Controle: Devido à proteção física (como a carapaça das cochonilhas) ou comportamental (esconder-se no baixeiro da soja), o controle químico exige tecnologia de aplicação adequada para garantir que o produto atinja o alvo. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a estratégia mais recomendada.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Insetos Sugadores

Veja outros artigos sobre Insetos Sugadores