O que é Insetos Verdes Pequenos
No contexto do agronegócio brasileiro e do Manejo Integrado de Pragas (MIP), a designação “insetos verdes pequenos” refere-se a uma categoria morfológica visual utilizada frequentemente durante as etapas iniciais de monitoramento de lavouras. Embora não seja uma classificação taxonômica científica, é uma descrição prática que abrange diversas espécies de pragas (e alguns inimigos naturais) que utilizam a coloração verde como mecanismo de camuflagem entre as folhas e hastes das culturas. A identificação correta dessas espécies é crucial, pois este grupo pode incluir desde pragas severas, como o percevejo-verde (Nezara viridula) e pulgões (Aphididae), até estágios larvais de lepidópteros, como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis).
A presença destes insetos é comum em culturas de grande importância econômica no Brasil, como soja, milho, algodão e feijão. Devido ao seu tamanho reduzido e coloração críptica, eles muitas vezes passam despercebidos em inspeções visuais rápidas, exigindo métodos de monitoramento mais rigorosos, como a batida de pano. A detecção precoce é fundamental, pois muitos desses organismos possuem alto potencial reprodutivo e podem causar danos diretos, através da sucção de seiva ou desfolha, e danos indiretos, atuando como vetores de viroses e doenças que comprometem a produtividade da safra.
Portanto, ao identificar “insetos verdes pequenos” no campo, o produtor ou agrônomo deve proceder imediatamente para a identificação específica da espécie. O manejo adequado depende inteiramente de saber se o inseto encontrado é um sugador (como cigarrinhas e percevejos), um mastigador (como lagartas) ou um agente de controle biológico (como crisopídeos), pois cada grupo exige estratégias de controle e Níveis de Dano Econômico (NDE) distintos dentro do planejamento do MIP.
Principais Características
- Mimetismo e Camuflagem: A coloração verde atua como uma defesa natural, dificultando a visualização do inseto sobre as folhas, hastes e vagens, o que exige atenção redobrada no monitoramento.
- Hábito Alimentar Variado: Este grupo visual inclui tanto insetos picadores-sugadores (percevejos, pulgões, cigarrinhas) que extraem seiva e injetam toxinas, quanto mastigadores (lagartas em estágios iniciais) que consomem área foliar.
- Ciclo de Vida Rápido: Muitas dessas espécies, especialmente pulgões e cigarrinhas, possuem ciclos biológicos curtos, permitindo múltiplas gerações dentro de uma mesma safra e rápida explosão populacional.
- Polifagia: Grande parte desses insetos não se restringe a uma única cultura, podendo sobreviver em plantas daninhas ou culturas de cobertura (ponte verde) durante a entressafra.
- Vetores de Doenças: Além do dano físico, espécies como pulgões e a cigarrinha-verde são notórias transmissoras de vírus e molicutes que podem causar nanismo e perdas severas na produção.
Importante Saber
- Diferenciação de Inimigos Naturais: Nem todo inseto verde pequeno é praga. Crisopídeos (conhecidos como bicho-lixeiro na fase larval) são predadores vorazes de pulgões e ovos de mariposas, sendo aliados importantes no controle biológico.
- Monitoramento Rigoroso: A técnica da batida de pano é indispensável para quantificar esses insetos na soja e no feijão, pois a simples observação visual subestima a população real escondida no dossel da planta.
- Nível de Controle: A decisão de aplicar defensivos deve basear-se na densidade populacional específica da praga identificada (ex: número de percevejos por metro) e não apenas na presença visual dos insetos.
- Resistência a Defensivos: Algumas espécies que se enquadram nesta descrição, como certas populações de percevejos e pulgões, já apresentam casos de resistência a inseticidas, exigindo rotação de mecanismos de ação.
- Danos nos Grãos: No caso do percevejo-verde (Nezara viridula), o ataque ocorre diretamente nas vagens e grãos, causando deformações, retenção foliar (soja louca) e perda de qualidade da semente, sendo crítico o monitoramento na fase reprodutiva.