O que é Irrigacao De Gotejamento
A irrigação por gotejamento é um método de irrigação localizada que se caracteriza pela aplicação de água em baixas vazões e alta frequência, diretamente na zona radicular das plantas ou na superfície do solo adjacente a elas. Diferente dos sistemas por aspersão, que simulam chuva, ou por superfície, que inundam a área, o gotejamento utiliza emissores específicos (gotejadores) instalados em linhas de tubos de polietileno para entregar a água “gota a gota”. O objetivo técnico é manter o teor de umidade do solo próximo à capacidade de campo apenas na área de influência das raízes, formando o que se conhece agronomicamente como “bulbo úmido”.
No contexto do agronegócio brasileiro, esta tecnologia é amplamente difundida em culturas perenes e de alto valor agregado, como a cafeicultura, a fruticultura (uva, manga, citros) e a olericultura. Devido à escassez hídrica em diversas regiões produtoras e à necessidade de otimização de recursos, o sistema tem se expandido também para cultivos de cana-de-açúcar e grãos, inclusive através de gotejamento subterrâneo. É considerado o método com a maior eficiência de aplicação disponível no mercado, podendo superar 95% de aproveitamento da água, minimizando perdas por evaporação, deriva pelo vento ou percolação profunda.
Além da eficiência hídrica, a irrigação por gotejamento atua como um vetor de tecnologia no campo, sendo a plataforma ideal para a prática da fertirrigação. Como o sistema permite o controle preciso do volume e do local de aplicação, é possível injetar fertilizantes solúveis na água de irrigação, nutrindo a planta de forma fracionada e síncrona com suas demandas fenológicas. Isso transforma o sistema de irrigação em uma ferramenta de nutrição de alta precisão, fundamental para atingir tetos produtivos elevados e melhorar a qualidade final dos produtos agrícolas.
Principais Características
- Aplicação Localizada: A água é depositada apenas na região das raízes, evitando o molhamento de áreas desnecessárias do solo e reduzindo o crescimento de plantas daninhas nas entrelinhas.
- Alta Eficiência de Aplicação: Apresenta taxas de eficiência entre 90% e 95%, sendo superior à aspersão e à irrigação por superfície devido à redução drástica de perdas por evaporação e escoamento.
- Capacidade de Fertirrigação: Permite a aplicação simultânea de água e nutrientes (adubação líquida) diretamente na zona de absorção da planta, otimizando o uso de insumos.
- Baixa Pressão de Operação: Geralmente opera com pressões menores do que sistemas de aspersão (como pivôs centrais), o que pode resultar em menor consumo de energia elétrica por volume de água bombeado.
- Não Molha a Parte Aérea: Ao evitar o molhamento das folhas e frutos, o sistema reduz a criação de microclimas favoráveis ao desenvolvimento de doenças fúngicas e bacterianas.
- Adaptabilidade Topográfica: Pode ser instalado em terrenos com topografia irregular ou declivosos sem a necessidade de nivelamento do solo, mantendo a uniformidade de distribuição através de gotejadores autocompensantes.
Importante Saber
- Necessidade de Filtragem Rigorosa: Os emissores de gotejamento possuem orifícios muito pequenos e são suscetíveis a entupimentos físicos e biológicos; portanto, um sistema de filtragem eficiente (areia, disco ou tela) é obrigatório e requer manutenção constante.
- Custo de Implantação: O investimento inicial por hectare costuma ser mais elevado em comparação a outros métodos, exigindo um estudo de viabilidade econômica e foco em culturas que remunerem o investimento através de produtividade e qualidade.
- Manejo da Salinidade: Embora permita o uso de águas com qualidade inferior (mais salinas) devido à manutenção constante da umidade que dilui os sais, exige cuidado técnico para evitar a acumulação de sais na periferia do bulbo úmido.
- Monitoramento do Bulbo Úmido: O manejo da irrigação deve ser preciso; se a lâmina aplicada for insuficiente, a planta sofre estresse rapidamente, pois o volume de solo explorado pelas raízes é menor e mais concentrado do que em sistemas de sequeiro ou aspersão total.
- Manutenção do Sistema: Requer rotinas de limpeza das linhas laterais e injeção periódica de produtos químicos (como ácidos ou cloro) para prevenir a formação de biofilme e precipitação de fertilizantes nos gotejadores.
- Integração com Automação: É o sistema mais amigável para a Agricultura 4.0, respondendo muito bem a controladores automáticos baseados em sensores de umidade do solo e estações meteorológicas.