Artigos sobre Irrigação por Superfície

O que é Irrigação Por Superfície

A irrigação por superfície, frequentemente chamada de irrigação por gravidade, é um método de aplicação de água na agricultura onde a distribuição ocorre diretamente sobre o solo, aproveitando a força da gravidade para movimentar o fluxo hídrico. Neste sistema, a água é lançada na parte mais alta ou inicial da área de cultivo e escoa pela superfície, formando uma lâmina d’água que se infiltra progressivamente no perfil do solo até atingir a profundidade das raízes. Diferente dos métodos pressurizados, como a aspersão, este modelo dispensa o uso de bombas de alta pressão para a dispersão da água, o que pode reduzir significativamente os custos energéticos da operação.

No contexto do agronegócio brasileiro, a irrigação por superfície é uma técnica tradicional e amplamente difundida, sendo o sistema predominante no cultivo de arroz irrigado, especialmente na região Sul, além de ser utilizada em canaviais, milho e hortaliças em diversas regiões. A eficácia deste método está intrinsecamente ligada às características físicas do terreno e do solo. O sistema funciona criando uma pressão hidrostática natural na superfície que empurra a umidade para as camadas mais secas, exigindo que o produtor tenha um conhecimento detalhado sobre a taxa de infiltração e a capacidade de retenção de água de sua propriedade para evitar desperdícios ou estresse hídrico.

Principais Características

• Movimentação por gravidade: A água percorre a lavoura impulsionada pelo desnível do terreno, sem a necessidade de aspersores ou emissores pressurizados, o que caracteriza o baixo consumo de energia elétrica ou combustível.

• Dependência do tipo de solo: O método apresenta melhor desempenho em solos de textura média a argilosa (solos pesados), onde a velocidade de infiltração é menor, permitindo que a água avance por toda a extensão da área antes de ser totalmente absorvida.

• Modalidades de aplicação: O sistema divide-se em três tipos principais: irrigação por sulcos (água corre em canais entre as linhas de plantio), por faixas (tiras de terra com declive controlado) e por inundação ou tabuleiros (água cobre totalmente a superfície, comum no arroz).

• Necessidade de sistematização: Para garantir a uniformidade da rega, o terreno deve ser plano ou possuir um declive suave e uniforme; áreas irregulares exigem nivelamento prévio rigoroso (sistematização).

• Mecanismo de infiltração: O objetivo é cobrir o solo com uma lâmina de água que, ao se acumular, infiltra verticalmente no perfil do solo, reabastecendo a reserva hídrica disponível para as plantas.

Importante Saber

• Eficiência do uso da água: Embora tenha baixo custo operacional, a irrigação por superfície pode ter baixa eficiência hídrica se mal manejada, resultando em perdas significativas por percolação profunda (água que desce além das raízes) ou escoamento superficial excessivo no final da parcela.

• Critério de seleção de culturas: A escolha do subtipo de irrigação deve respeitar a cultura; a inundação é ideal para o arroz, enquanto os sulcos são recomendados para culturas em linha (milho, cana) para evitar o molhamento direto do colo da planta e reduzir doenças fúngicas.

• Impacto do nivelamento: A topografia é o fator limitante. Um nivelamento inadequado resulta em distribuição desigual, criando zonas de encharcamento (que podem asfixiar as raízes) e zonas secas dentro do mesmo talhão.

• Análise de solo prévia: É crucial realizar testes de velocidade de infiltração antes da implantação. Em solos muito arenosos, a água infiltra muito rápido, impedindo que o fluxo chegue ao final do sulco ou faixa, tornando o método inviável técnica e economicamente.

• Opção subsuperficial: Existe uma variação técnica chamada irrigação subsuperficial, indicada para áreas com lençol freático raso, onde se eleva o nível da água subterrânea para que a umidade chegue às raízes por capilaridade, sem molhar a superfície do terreno.