Lagarta-das-Folhas (Spodoptera eridania): Identificação e Controle
Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania): entenda como ela se comporta nas diferentes culturas, como identificar e fazer o manejo efetivo.
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O termo “Lagarta na Soja” refere-se à presença e ao ataque de larvas de lepidópteros na cultura da soja (Glycine max), representando um dos principais desafios fitossanitários para a produtividade no agronegócio brasileiro. Embora historicamente o manejo fosse focado em espécies como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), o cenário agrícola atual demonstra uma mudança significativa na dinâmica dessas pragas. Espécies do gênero Spodoptera, anteriormente consideradas pragas secundárias, têm assumido o status de pragas primárias em diversas regiões produtoras, especialmente no Centro-Oeste e Sul do Brasil.
Dentre essas espécies emergentes, destaca-se a Spodoptera eridania, conhecida popularmente como lagarta-das-folhas ou lagarta-das-vagens. A presença dessas lagartas na lavoura não se restringe apenas à desfolha; elas possuem um hábito polífago e podem causar danos severos às estruturas reprodutivas da planta, como as vagens, comprometendo diretamente o rendimento de grãos e a qualidade da colheita. O controle dessas pragas exige um entendimento técnico aprofundado, visto que diferentes espécies podem apresentar comportamentos e suscetibilidades distintas às táticas de manejo e tecnologias Bt.
Identificação Visual Específica: No caso da Spodoptera eridania, a lagarta apresenta uma coloração que pode variar, mas destaca-se pela presença de uma listra lateral branca ou amarela (que não chega à cabeça) e, principalmente, por uma série de triângulos negros ao longo do dorso, característica fundamental para diferenciá-la de outras espécies no campo.
Comportamento Fotofóbico: Estas lagartas tendem a evitar a luz solar direta, abrigando-se preferencialmente no baixeiro das plantas (parte inferior do dossel) e sob as folhas durante o dia. Sua atividade alimentar é mais intensa durante o período noturno, o que exige estratégias de monitoramento adaptadas.
Ciclo Biológico e Reprodução: As mariposas depositam ovos em massas, geralmente cobertos por escamas do corpo da fêmea para proteção, variando de amarelo a verde. O ciclo larval dura entre 15 e 19 dias, seguido pela fase de pupa que ocorre no solo, a uma profundidade de 5 a 10 cm, dificultando o controle químico nesta etapa.
Danos às Estruturas Reprodutivas: Diferente de lagartas que consomem apenas o limbo foliar, espécies como a S. eridania atacam também as vagens e os grãos em formação. Esse tipo de injúria é crítico pois afeta diretamente o peso final da produção e serve de porta de entrada para patógenos que depreciam a qualidade do grão.
Polifagia: Além da soja, essas lagartas encontram hospedeiros em diversas outras culturas de importância econômica, como milho, algodão e arroz, além de plantas daninhas, o que facilita sua sobrevivência e permanência na área durante a entressafra (ponte verde).
Diferenciação entre Espécies de Spodoptera: É crucial distinguir a S. eridania (triângulos no dorso) da S. frugiperda (Y invertido na cabeça) e da S. cosmioides (listras alaranjadas até a cabeça). O manejo incorreto baseado em identificação visual errada pode levar a falhas de controle e aumento de custos.
Monitoramento no Baixeiro: Devido ao hábito de se esconderem na parte inferior das plantas, as amostragens de pano de batida devem ser rigorosas e inspecionar profundamente o dossel. Inspeções superficiais podem subestimar a população da praga, resultando em tomadas de decisão tardias.
Manejo de Plantas Daninhas: Como a Spodoptera eridania utiliza plantas daninhas (como a corda-de-viola) como hospedeiras alternativas e local de oviposição, o controle eficaz dessas plantas na entressafra e dentro da lavoura é uma medida preventiva essencial para reduzir a pressão inicial da praga.
Tecnologia de Aplicação: Para atingir as lagartas alojadas no baixeiro, a tecnologia de aplicação deve garantir boa cobertura e penetração de gotas nas partes inferiores da planta. Aplicações noturnas podem apresentar maior eficácia devido à exposição das lagartas, desde que as condições ambientais permitam.
Rotação de Mecanismos de Ação: O uso repetitivo dos mesmos ingredientes ativos pode selecionar populações resistentes. É fundamental rotacionar inseticidas com diferentes modos de ação e integrar o controle químico com o biológico dentro das premissas do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
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