Artigos sobre Mancha de Mirotécio

O que é Mancha De Mirotécio

A Mancha de Mirotécio é uma enfermidade fúngica causada pelo patógeno Myrothecium roridum, que afeta principalmente o desenvolvimento inicial de culturas agrícolas, com destaque para a cafeicultura. Embora seja considerada uma doença relativamente recente no cenário brasileiro — identificada pela primeira vez em viveiros no Rio de Janeiro em 2003 e posteriormente no Espírito Santo —, ela representa um risco fitossanitário significativo para a produção de mudas de café Arábica e Conilon. O fungo atua de forma agressiva em tecidos jovens, provocando lesões necróticas que podem comprometer a viabilidade das plantas antes mesmo do transplantio para o campo.

A biologia deste organismo classifica-o como um fungo saprofítico, o que significa que ele possui a capacidade de sobreviver alimentando-se de matéria orgânica morta no solo ou em restos culturais. Essa característica confere ao Myrothecium roridum uma alta persistência no ambiente produtivo, dificultando sua erradicação uma vez que o substrato ou o solo do viveiro esteja contaminado. Além disso, trata-se de um patógeno polífago, ou seja, possui uma ampla gama de hospedeiros, podendo infectar outras culturas de importância econômica no Brasil, como soja, algodão e diversas cucurbitáceas (melão, pepino, abóbora).

O impacto econômico da doença está diretamente ligado à redução da área foliar fotossinteticamente ativa e ao atraso no desenvolvimento vegetativo. Em casos de infecção severa, ocorre a desfolha total e a morte das mudas, resultando na perda de lotes inteiros em viveiros. Por atacar plantas com idades entre 2 e 5 meses, a doença exige monitoramento constante nesta fase crítica, pois o vigor da muda é determinante para o sucesso da implantação da lavoura cafeeira.

Principais Características

• Sintomatologia Visual: As lesões iniciam-se como manchas arredondadas de coloração verde-claro e aspecto oleoso, evoluindo para necroses com anéis concêntricos (formato de alvo) em tons de marrom, podendo atingir até 3 cm de diâmetro.

• Estruturas Reprodutivas: Em estágios avançados, é possível observar a presença de esporodóquios na superfície das lesões; estas estruturas apresentam uma borda de micélio branco e um centro com massa negra de esporos.

• Fase Crítica de Ataque: A doença tem preferência por tecidos jovens, incidindo com maior severidade em mudas de café com idade entre 2 e 5 meses.

• Hábito Saprofítico: O fungo causador possui alta capacidade de sobrevivência no solo e em substratos orgânicos, não dependendo exclusivamente da planta viva para se manter no ambiente.

• Polifagia: O patógeno não é exclusivo do café, afetando também culturas como algodão, berinjela, melancia e soja, o que amplia as fontes de inóculo próximas aos viveiros.

Importante Saber

• Diferenciação de Diagnóstico: É comum confundir a Mancha de Mirotécio com a Mancha de Phoma (Phoma spp.). A principal diferença visual é que as lesões de Mirotécio são mais arredondadas e regulares com anéis concêntricos, enquanto a Phoma tende a causar lesões irregulares, frequentemente nas bordas das folhas.

• Manejo do Substrato: Devido à natureza saprofítica do fungo, a utilização de substratos isentos de patógenos e o tratamento adequado do solo são as primeiras linhas de defesa para evitar a introdução da doença no viveiro.

• Risco de Vizinhança: A presença de lavouras hospedeiras (como cucurbitáceas ou algodão) nas proximidades do viveiro de café pode aumentar a pressão de inóculo e o risco de infecção cruzada.

• Consequências Fisiológicas: A doença causa redução direta da fotossíntese devido à necrose tecidual e, em casos graves, provoca o abortamento das folhas, deixando a muda “pelada” e inviabilizando seu comércio ou plantio.

• Condições Favorecedoras: O desenvolvimento do fungo é potencializado em ambientes com alta umidade e temperaturas favoráveis, condições típicas de viveiros, exigindo controle rigoroso da irrigação e ventilação.