O que é Manejo Da Colheita De Café

O manejo da colheita de café consiste no planejamento estratégico e na execução técnica de todas as operações necessárias para a retirada dos frutos do cafeeiro, visando atingir o equilíbrio ideal entre produtividade, qualidade da bebida e custos operacionais. No Brasil, esta etapa é considerada o momento crucial do ciclo produtivo, pois a forma e o tempo em que os frutos são colhidos influenciam diretamente atributos sensoriais como doçura, acidez e corpo, além de determinar o valor de mercado da saca. O processo não se resume apenas à extração dos grãos, mas engloba desde o monitoramento da maturação nos talhões até o transporte para o processamento pós-colheita.

A complexidade desse manejo reside na necessidade de sincronizar a operação com a fisiologia da planta e as condições climáticas. Como a floração do cafeeiro pode ocorrer em múltiplas etapas, é comum haver desuniformidade na maturação, com presença simultânea de frutos verdes, cerejas (maduros) e passas/secos na mesma planta. O produtor deve decidir o momento exato de iniciar a colheita — geralmente quando a lavoura atinge entre 80% e 90% de frutos maduros — para evitar perdas por queda natural ou depreciação da qualidade devido ao excesso de grãos verdes, que causam adstringência na bebida, ou fermentações indesejadas em grãos passados.

Além da definição do cronograma, o manejo envolve a escolha do método mais adequado à topografia e ao nível tecnológico da propriedade. Em regiões de relevo acidentado, predominam a colheita manual e a semimecanizada com derriçadeiras portáteis. Já em áreas planas, como no Cerrado Mineiro e oeste da Bahia, a colheita mecanizada é amplamente adotada, permitindo uma redução de custos superior a 60% e maior agilidade no escoamento da safra. O manejo eficiente também considera a regulagem precisa das máquinas para minimizar danos físicos à planta, preservando o potencial produtivo para as safras seguintes.

Principais Características

  • Sazonalidade regional marcada, ocorrendo majoritariamente entre maio e setembro para o café arábica, com início mais precoce (abril) para o conilon em regiões mais quentes.

  • Diversidade de métodos operacionais, variando entre a catação manual seletiva (focada em cafés especiais), a derriça manual ou mecânica no chão e a colheita totalmente mecanizada.

  • Forte correlação com a topografia do terreno, onde lavouras com ruas largas e baixa declividade favorecem a mecanização, enquanto áreas de montanha exigem maior uso de mão de obra.

  • Dependência direta do estágio de maturação fisiológica, buscando-se colher o fruto no estágio “cereja”, quando este possui entre 55% e 70% de umidade e o máximo potencial de qualidade.

  • Alto impacto na estrutura de custos da fazenda, podendo representar até 40% das despesas totais de produção, o que exige eficiência para garantir a margem de lucro.

  • Necessidade de integração com o pós-colheita, exigindo que a capacidade de colheita diária seja compatível com a infraestrutura de lavagem, secagem e beneficiamento da propriedade.

Importante Saber

  • O início prematuro da colheita resulta em alta porcentagem de grãos verdes, que são ricos em taninos e ligninas, conferindo sabor amargo e adstringente à bebida, além de reduzir o rendimento e o peso final da saca.

  • O atraso excessivo na colheita aumenta o risco de queda dos frutos no chão e a ocorrência de fermentações negativas nos grãos sobremaduros, gerando sabores avinagrados ou de remédio.

  • A amostragem por talhão, utilizando métodos como a “medida do litro”, é fundamental para estimar a porcentagem de maturação e definir a ordem de colheita das áreas, priorizando aquelas com maior índice de cerejas.

  • Na colheita mecanizada, a regulagem da vibração das varetas e da velocidade de deslocamento da colhedora deve ser ajustada conforme o porte da planta e a carga pendente para evitar desfolha excessiva e danos aos ramos.

  • Em anos de maturação desuniforme, causada por múltiplas floradas ou veranicos, pode ser necessário realizar mais de uma passada da máquina ou combinar métodos (colheita seletiva seguida de mecanizada) para otimizar o aproveitamento.

  • A colheita deve ser planejada considerando também a variedade cultivada; cultivares de ciclo precoce, médio e tardio devem ser escalonadas para evitar gargalos operacionais e perda de qualidade.

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