Artigos sobre Manejo da Colheita de Feijão

O que é Manejo Da Colheita De Feijão

O manejo da colheita de feijão compreende o conjunto de estratégias e operações técnicas realizadas para recolher a produção do campo, visando preservar a qualidade dos grãos e minimizar perdas quantitativas. Esta etapa é considerada um dos pontos mais críticos do ciclo produtivo da cultura, pois define a rentabilidade final da lavoura. O processo envolve desde a identificação do momento ideal de maturação fisiológica da planta até a escolha e regulagem adequada do método de recolhimento, que pode variar entre manual, semimecanizado e totalmente mecanizado.

No contexto do agronegócio brasileiro, o manejo eficiente tornou-se imperativo devido à escassez e ao alto custo da mão de obra no campo, impulsionando a adoção da mecanização. Diferente de culturas como a soja, o feijão apresenta desafios morfológicos específicos, como o porte da planta e a inserção das vagens, que exigem um planejamento detalhado. O manejo correto não se resume apenas à operação das máquinas, mas inclui o preparo antecipado do solo para evitar desníveis, o uso estratégico de dessecantes para uniformizar a maturação e o monitoramento climático rigoroso para evitar a germinação dos grãos na vagem ou o ataque de pragas no final do ciclo.

Principais Características

• Diversidade de Sistemas: A colheita pode ser realizada de três formas distintas: manual (arranquio e trilha à mão), semimecanizada (arranquio manual e trilha mecânica) ou mecanizada (todas as etapas realizadas por máquinas).

• Modalidades de Mecanização: Na colheita mecanizada, existem duas abordagens: a indireta (corte/arranquio e enleiramento seguidos pelo recolhimento e trilha) e a direta (corte, trilha e limpeza em uma única operação).

• Ponto de Maturação (R9): O momento técnico ideal para o início do manejo é o estádio fenológico R9, quando o grão atinge a maturidade fisiológica, cessa o recebimento de nutrientes e as vagens adquirem coloração de palha seca.

• Sensibilidade à Umidade: O feijão é altamente sensível ao teor de água no momento da colheita. A umidade ideal gira em torno de 15%; níveis muito acima causam amassamento dos grãos, enquanto níveis muito baixos resultam em quebra e trincas.

• Uniformização da Lavoura: O uso de dessecantes é uma característica comum no manejo moderno, servindo para acelerar a perda de água das plantas, uniformizar a maturação dos grãos e controlar plantas daninhas que dificultariam a operação das máquinas.

Importante Saber

• Monitoramento da Umidade: Colher com a umidade incorreta é a principal causa de perdas econômicas imediatas. O produtor deve monitorar constantemente o teor de água, pois a variação pode ocorrer rapidamente ao longo do dia.

• Riscos do Atraso: Postergar a colheita após o ponto de maturidade fisiológica aumenta drasticamente os riscos de degrana natural (abertura das vagens e queda dos grãos), deterioração pela umidade e infestação por pragas de armazenamento, como o caruncho.

• Desafios da Colheita Direta: Embora mais rápida e barata, a colheita direta exige um terreno extremamente regular e nivelado. Caso contrário, a plataforma de corte pode recolher terra junto com as plantas, contaminando o produto final e desvalorizando o lote.

• Impacto Climático: Chuvas excessivas próximas ao ponto de colheita são prejudiciais, podendo causar a germinação dos grãos ainda dentro das vagens, o que inviabiliza a comercialização para consumo humano ou sementes.

• Qualidade da Semente: Para produtores focados em sementes, o respeito rigoroso ao estádio R9 é vital, pois é neste momento que o grão possui o máximo vigor e potencial de germinação.

• Controle de Daninhas: A presença de plantas daninhas na lavoura durante a colheita não apenas compete com a cultura, mas também embucha as máquinas, reduzindo a eficiência operacional e aumentando o consumo de combustível e o desgaste do equipamento.