Artigos sobre Manejo de Caruru

O que é Manejo De Caruru

O manejo de caruru refere-se ao conjunto de estratégias agronômicas adotadas para o controle e a supressão de plantas daninhas do gênero Amaranthus, com destaque para espécies como o Amaranthus hybridus (caruru-roxo) e o Amaranthus palmeri. No contexto do agronegócio brasileiro, estas plantas representam um dos maiores desafios fitossanitários, devido à sua alta capacidade de competição por recursos (água, luz e nutrientes), rápido crescimento e elevada produção de sementes, o que pode ocasionar perdas severas na produtividade de culturas como soja e milho.

A complexidade desse manejo reside na necessidade de superar a resistência que diversas populações de caruru desenvolveram a herbicidas amplamente utilizados, como o glifosato e inibidores da ALS. Portanto, o controle eficaz não se baseia apenas na aplicação de um único produto, mas sim na implementação do Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD). Isso envolve o planejamento antecipado, o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e a adoção de práticas culturais que favoreçam a cultura comercial em detrimento da planta invasora.

Na prática de campo, o manejo bem-sucedido exige um monitoramento constante da lavoura e a intervenção no momento correto. O foco principal tem se deslocado para o uso intensivo de herbicidas pré-emergentes e a rotação de princípios ativos, visando reduzir o banco de sementes no solo e evitar que a planta daninha se estabeleça e domine a área de cultivo, garantindo assim a rentabilidade e a sustentabilidade do sistema produtivo.

Principais Características

• Diversidade de Mecanismos de Ação: Existem atualmente nove mecanismos de ação distintos registrados para o controle de Amaranthus hybridus, permitindo uma ampla rotação de produtos para mitigar a resistência.

• Estratégia de Dessecação: O manejo eficiente começa antes do plantio, utilizando herbicidas não seletivos (como 2,4-D, glufosinato e glifosato) para garantir a semeadura no “limpo” e eliminar a competição inicial.

• Uso de Pré-emergentes: A aplicação de herbicidas residuais no solo, como sulfentrazone e s-metolachlor, é fundamental para controlar o fluxo de emergência das sementes de caruru antes que a cultura feche as entrelinhas.

• Especificidade por Cultura: A escolha dos defensivos varia drasticamente entre soja e milho; produtos como a atrazina e mesotrione são chaves no milho, enquanto o fomesafen e o imazethapyr são opções comuns na soja.

• Flexibilidade de Aplicação: O manejo contempla diferentes janelas de aplicação, incluindo pré-plantio incorporado (PPI), pré-emergência da cultura e pós-emergência precoce, dependendo do produto e do estágio da planta daninha.

Importante Saber

• Rotação é Obrigatória: Devido aos casos confirmados de resistência no Brasil e no mundo, é crucial nunca depender de um único mecanismo de ação repetidamente; a alternância de herbicidas é vital para a longevidade das tecnologias de controle.

• Atenção à Textura do Solo: A dose de certos herbicidas, como a trifluralina e o sulfentrazone, deve ser ajustada conforme a textura do solo (leve, média ou pesada) e o teor de matéria orgânica para evitar fitotoxicidade na cultura ou ineficiência no controle.

• Cuidados com a Deriva: O uso de herbicidas como o clomazone exige precaução extrema, não sendo recomendado a menos de 800 metros de culturas sensíveis, pomares ou áreas residenciais devido à sua volatilidade.

• Momento da Aplicação Pós-emergente: Para herbicidas de contato ou sistêmicos aplicados após a emergência, o controle é significativamente mais eficaz quando as plantas de caruru estão em estágios iniciais de desenvolvimento (pequenas).

• Sistema Plante-Aplique: Otimizar operações agrícolas realizando a semeadura e a pulverização na mesma passada é uma prática viável com certos produtos, como o clomazone, economizando tempo e recursos operacionais.