Giberela no Trigo: Como Identificar, Controlar e Evitar Perdas na Lavoura
Giberela no trigo: sintomas, ciclo da doença, micotoxinas e como fazer o manejo adequado em sua lavoura. Confira!
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O manejo de giberela refere-se ao conjunto de estratégias agronômicas integradas voltadas para o controle da doença fúngica causada pelo Fusarium graminearum (fase assexuada) ou Gibberella zeae (fase sexuada). No contexto do agronegócio brasileiro, esta prática é fundamental para culturas de inverno, especialmente o trigo, mas também afeta cevada, aveia, triticale e milho. O objetivo central do manejo é mitigar os danos causados pela infecção que ocorre predominantemente durante a fase de floração da planta, quando condições de alta umidade e temperaturas amenas a quentes favorecem a esporulação e penetração do patógeno nas anteras florais.
A importância prática deste manejo reside na proteção dupla da lavoura: evitar perdas quantitativas de produtividade, que podem chegar a 30%, e prevenir perdas qualitativas severas relacionadas à segurança alimentar. A giberela não apenas aborta flores e forma grãos chochos, mas é responsável pela produção de micotoxinas, como o desoxinivalenol (DON). Portanto, o manejo eficiente não visa apenas garantir o volume da colheita, mas assegurar que os grãos estejam dentro dos limites sanitários exigidos pela legislação (ANVISA) para comercialização e consumo humano ou animal, evitando o descarte da produção.
Janela de Infecção Específica: O manejo deve ser intensificado durante a antese (floração), momento em que as anteras expostas servem como porta de entrada para o fungo colonizar a espiga.
Dependência Climática: A ocorrência da doença está intrinsecamente ligada a períodos de chuvas frequentes (molhamento da espiga superior a 48 horas) e temperaturas entre 20°C e 30°C durante o espigamento.
Sobrevivência em Restos Culturais: O fungo é necrotrófico e sobrevive na palhada de culturas anteriores (como milho e trigo), o que torna o Sistema de Plantio Direto um ambiente que exige maior atenção ao inóculo presente no campo.
Sintomatologia Visual: Caracteriza-se pelo branqueamento prematuro das espiguetas (cor de palha) em contraste com o verde da planta sadia, frequentemente apresentando aristas arrepiadas e, em estágios avançados, formação de massa rosada (esporos) na base das espiguetas.
Dispersão Aérea: Os esporos (ascósporos) são leves e transportados pelo vento a longas distâncias, o que significa que o inóculo pode vir de áreas vizinhas, não apenas da própria lavoura.
Risco de Micotoxinas: A presença visual da doença quase sempre indica contaminação por micotoxinas (DON). É crucial realizar análises laboratoriais, pois a ANVISA estabelece limites rígidos (ex: 1.000 ppb para farinha integral) que podem inviabilizar a venda da safra.
Danos nos Grãos: Grãos infectados tardiamente podem não ser abortados, mas tornam-se “grãos giberelados”: enrugados, chochos, com coloração branco-rosada e baixo peso hectolitro (PH), devendo ser separados na colheita ou pós-colheita quando possível.
Monitoramento Preventivo: Não existem medidas curativas eficazes após a infecção massiva. O controle químico (fungicidas) deve ser preventivo, baseando-se na previsão do tempo e no estágio fenológico da cultura.
Rotação de Culturas: Embora o fungo tenha muitos hospedeiros, a rotação com culturas não suscetíveis (como soja ou girassol) ajuda a reduzir a pressão de inóculo inicial presente nos restos culturais da área.
Escolha de Cultivares: Embora não exista imunidade completa, o uso de cultivares com maior tolerância genética ou com ciclos que evitem o florescimento nos períodos historicamente mais chuvosos da região é uma tática de manejo recomendada.
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