Artigos sobre Manejo de Lagartas

O que é Manejo De Lagartas

O Manejo de Lagartas refere-se ao conjunto de estratégias e práticas agronômicas integradas, inseridas no contexto do Manejo Integrado de Pragas (MIP), destinadas a monitorar, identificar e controlar populações de insetos da ordem Lepidoptera que causam danos econômicos às lavouras. No cenário agrícola brasileiro, caracterizado por clima tropical e sistemas de sucessão de culturas (como soja-milho ou soja-algodão), as lagartas representam um dos maiores desafios fitossanitários, podendo atuar como desfolhadoras, brocas de colmo, cortadoras de plântulas ou atacando diretamente as estruturas reprodutivas (flores e vagens).

A eficácia desse manejo não reside apenas na aplicação de defensivos, mas fundamentalmente na correta identificação da espécie presente no talhão e no entendimento do seu ciclo biológico. Pragas como a Helicoverpa armigera, Spodoptera frugiperda e Chrysodeixis includens exigem abordagens distintas devido a diferenças em seus hábitos alimentares, locais de alojamento na planta e suscetibilidade a diferentes moléculas químicas e tecnologias Bt. O objetivo central é manter a população da praga abaixo do Nível de Dano Econômico (NDE), preservando o estande de plantas e o potencial produtivo da cultura, ao mesmo tempo em que se busca retardar a evolução da resistência aos métodos de controle.

Principais Características

• Identificação Taxonômica Precisa: A diferenciação correta entre espécies morfologicamente semelhantes (como Helicoverpa zea e H. armigera, ou lagartas do complexo Spodoptera) é a base do manejo, pois define a escolha do ingrediente ativo e a tecnologia de aplicação.

• Monitoramento Sistemático: O uso frequente de técnicas de amostragem, como o pano de batida e armadilhas de feromônio, é essencial para determinar a densidade populacional, o tamanho das lagartas (instares) e o momento exato da tomada de decisão.

• Integração de Métodos de Controle: O manejo eficiente combina o uso de cultivares geneticamente modificadas (tecnologia Bt), controle biológico (uso de Trichogramma, baculovírus ou predadores naturais), controle cultural e controle químico seletivo.

• Gestão de Resistência: A rotação de mecanismos de ação de inseticidas e a manutenção de áreas de refúgio são características obrigatórias para preservar a eficácia das tecnologias de controle contra lagartas de difícil combate.

• Definição de Janelas de Aplicação: O planejamento das pulverizações deve considerar o ciclo de vida da praga (geralmente em janelas de 30 dias para novas gerações) para atingir as lagartas nos estágios iniciais de desenvolvimento, quando são mais suscetíveis.

Importante Saber

• Hábito e Localização na Planta: Lagartas como a falsa-medideira (Chrysodeixis includens) tendem a ficar no baixeiro da soja e não caem facilmente no pano de batida, exigindo tecnologias de aplicação que garantam boa cobertura nas partes inferiores da planta.

• Influência das Condições Climáticas: Algumas pragas são favorecidas por condições específicas; por exemplo, a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) tem maior incidência em solos arenosos e períodos de seca, enquanto a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) prefere solos úmidos e com matéria orgânica.

• Danos na Fase Inicial: Lagartas como a rosca e a elasmo atacam no início do desenvolvimento da cultura, causando “coração morto” ou tombamento, o que pode comprometer o estande final e exigir replantio se não manejadas preventivamente (tratamento de sementes).

• Mudança de Comportamento e Coloração: Em altas infestações, lagartas como o curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) podem alterar sua coloração (tornando-se negras) e apresentar comportamento gregário, aumentando drasticamente o consumo foliar.

• Controle de Lagartas nas Estruturas Reprodutivas: O ataque direto a espigas (milho) ou vagens (soja) por gêneros como Helicoverpa é mais crítico que o desfolhamento, pois afeta diretamente a produtividade, exigindo níveis de controle mais rigorosos e ação rápida.