O que é Manejo De Pragas Do Milho

O manejo de pragas do milho consiste na aplicação de técnicas agronômicas integradas para monitorar, identificar e controlar populações de insetos que causam danos econômicos à cultura. No contexto brasileiro, onde o milho é cultivado em diferentes janelas de plantio (safra e safrinha) e em diversas regiões como o Cerrado, o manejo é fundamental para proteger o potencial produtivo da lavoura. O desafio não se restringe apenas às pragas da parte aérea, mas estende-se significativamente às pragas subterrâneas, que atacam o sistema radicular de forma silenciosa e podem comprometer o desenvolvimento das plantas desde os estágios iniciais.

Uma das maiores complexidades no manejo atual é o controle de insetos que habitam o solo, como o percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea). Essas pragas possuem alta capacidade de sobrevivência e adaptação, atacando não apenas o milho, mas também a soja, algodão e pastagens. O manejo eficiente exige, portanto, um conhecimento profundo sobre o comportamento da praga em relação às condições climáticas e à umidade do solo, visto que ataques severos podem resultar em perdas expressivas, sintomas de deficiência nutricional e murcha, mesmo em condições de boa disponibilidade hídrica.

Principais Características

  • Hábito Subterrâneo e Dano Silencioso: No manejo de pragas de solo do milho, destaca-se a dificuldade de visualização imediata do inimigo. Insetos como o percevejo-castanho vivem enterrados e utilizam aparelho bucal sugador para extrair seiva das raízes, injetando toxinas que causam o enfraquecimento geral e o amarelamento das plantas.

  • Adaptação Morfológica: As pragas de raiz frequentemente possuem adaptações físicas específicas. O percevejo-castanho adulto, por exemplo, possui pernas dianteiras do tipo escavadoras, permitindo que se mova com facilidade através do perfil do solo, tanto para buscar alimento quanto para fugir de condições adversas.

  • Comportamento Sazonal e Migratório: A profundidade em que a praga se encontra varia conforme a umidade. Em períodos chuvosos, concentram-se na camada superficial (facilitando o dano e o monitoramento); na seca, aprofundam-se no solo, podendo chegar a até 2 metros de profundidade, o que dificulta o alcance de medidas de controle.

  • Polifagia e Sobrevivência: Uma característica crítica para o manejo é a capacidade dessas pragas de se alimentarem de diversas culturas e plantas daninhas. Isso permite que permaneçam na área após a colheita do milho, sobrevivendo em restos culturais ou na vegetação espontânea até a próxima safra.

  • Ciclo de Vida: O conhecimento dos estágios de desenvolvimento é vital. No caso do percevejo-castanho, as ninfas passam por cinco estágios (ínstares) e têm cor branco-leitosa, enquanto os adultos são marrom-claros e medem cerca de 8 mm.

Importante Saber

  • Monitoramento Estratégico: A eficácia do manejo depende do momento da amostragem. O monitoramento deve ser realizado preferencialmente em épocas chuvosas, quando os insetos estão na superfície. Recomenda-se a abertura de trincheiras ou covas de amostragem (ex: 30 cm x 30 cm x 50 cm) para quantificar a população.

  • Atenção às Reboleiras: O ataque de pragas de solo no milho geralmente não é uniforme. É crucial observar a lavoura em busca de “reboleiras” — manchas onde as plantas apresentam desenvolvimento retardado ou amarelamento — e focar a investigação nessas áreas.

  • Histórico da Área: Antes de definir a estratégia de manejo, é indispensável analisar o histórico da gleba. Áreas com registros anteriores de ataques ou pastagens degradadas exigem atenção redobrada, pois a praga pode já estar estabelecida em camadas profundas do solo.

  • Dificuldade de Controle Químico: O controle de pragas subterrâneas é tecnicamente mais complexo e oneroso do que o de pragas aéreas. Devido à mobilidade vertical do inseto no solo, o alcance dos produtos químicos pode ser limitado, exigindo a adoção rigorosa do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

  • Revoadas como Indicativo: A observação de revoadas de adultos durante períodos quentes e chuvosos é um forte indicativo de dispersão e acasalamento, sinalizando o início de novos ciclos de infestação e a necessidade de alerta máximo na lavoura.

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