O que é Manejo De Resistência De Inseticidas

O Manejo de Resistência de Inseticidas (MRI) é um conjunto fundamental de estratégias e práticas agronômicas destinadas a retardar ou prevenir a evolução da resistência de pragas aos defensivos agrícolas. No contexto do agronegócio brasileiro, caracterizado por sistemas de produção intensivos e sucessão de culturas (como o sistema soja-milho), as pragas estão expostas a uma pressão de seleção constante. Quando um mesmo mecanismo de ação é utilizado repetidamente, os indivíduos suscetíveis são eliminados, restando apenas os resistentes, que se multiplicam e tornam o controle químico ineficaz ao longo do tempo.

A base do MRI não é apenas a troca de produtos comerciais, mas sim a alternância inteligente de modos de ação. Conforme estabelecido pelo IRAC (Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas), existem diferentes grupos químicos que atuam em sítios distintos do inseto. Por exemplo, enquanto os neonicotinoides, organofosforados e carbamatos atacam o sistema nervoso (neurotóxicos), os ecdisteroides interferem no crescimento e na muda (fisiológicos). O manejo correto exige o entendimento dessas diferenças para quebrar o ciclo de seleção da praga, garantindo a longevidade das tecnologias de controle e a sustentabilidade econômica da lavoura.

Principais Características

  • Rotação de Mecanismos de Ação: A prática central do MRI envolve alternar inseticidas com diferentes modos de ação (por exemplo, rotacionar um neurotóxico com um regulador de crescimento) a cada geração da praga, evitando a exposição contínua ao mesmo princípio ativo.

  • Monitoramento de Pragas: Adoção rigorosa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para identificar a densidade populacional e o estágio de desenvolvimento dos insetos, aplicando o controle apenas quando atingido o nível de dano econômico.

  • Preservação de Inimigos Naturais: Uso preferencial de inseticidas seletivos (como os ecdisteroides) que controlam a praga-alvo mas preservam predadores e parasitoides, os quais auxiliam no controle natural de indivíduos resistentes.

  • Aplicação em Janelas Específicas: Definição de janelas de aplicação para determinados grupos químicos, reduzindo a pressão de seleção durante todo o ciclo da cultura.

  • Adoção de Refúgios: Em áreas com culturas geneticamente modificadas (Bt), o plantio de áreas de refúgio (plantas não-Bt) é vital para manter uma população de insetos suscetíveis que possam cruzar com eventuais resistentes.

Importante Saber

  • Diferencie Nome Comercial de Modo de Ação: Trocar a marca do produto não significa fazer rotação. É crucial verificar o grupo químico e o código do IRAC na bula para garantir que o mecanismo de ação seja realmente diferente.

  • Atenção à Fisiologia do Inseto: Inseticidas reguladores de crescimento (como os ecdisteroides) não possuem ação de choque imediata e funcionam melhor em fases jovens (lagartas pequenas), enquanto neurotóxicos causam paralisia rápida; o uso incorreto pode ser confundido com falha de controle ou resistência.

  • Doses Recomendadas: Nunca utilize subdoses (que selecionam indivíduos moderadamente resistentes) ou sobredoses. Siga estritamente a recomendação agronômica para garantir a eficácia e retardar a resistência.

  • Tecnologia de Aplicação: Falhas na aplicação (bicos inadequados, volume de calda incorreto) podem deixar sobreviventes no campo, acelerando o processo de seleção de resistência, independentemente da qualidade do produto químico.

  • Histórico da Área: O planejamento do manejo deve considerar o histórico de produtos utilizados nas safras anteriores e nas culturas vizinhas, visto que muitas pragas são polífagas e transitam entre lavouras.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Manejo de Resistência de Inseticidas

Veja outros artigos sobre Manejo de Resistência de Inseticidas