Tudo sobre Manejo Do Trigo

O que é Manejo Do Trigo

O manejo do trigo, ou da triticultura, compreende o conjunto sistemático de práticas agronômicas aplicadas desde o planejamento pré-safra até a pós-colheita, visando maximizar a produtividade e a qualidade industrial dos grãos. No contexto brasileiro, este manejo é altamente técnico e deve ser adaptado às diferentes realidades edafoclimáticas, variando significativamente entre o cultivo de inverno na Região Sul e o cultivo irrigado ou de sequeiro no Cerrado (Brasil Central). O objetivo central é sincronizar as necessidades fisiológicas da planta com as condições ambientais, mitigando estresses bióticos e abióticos.

A prática envolve decisões estratégicas que começam pela escolha da cultivar correta, considerando seu ciclo e resistência a doenças, e passa pela definição da janela de plantio baseada no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). O manejo eficiente busca otimizar o desenvolvimento fenológico da cultura, com atenção especial à fase de perfilhamento e enchimento de grãos, garantindo que a planta expresse seu máximo potencial genético.

Além dos aspectos produtivos, o manejo do trigo no Brasil foca na sustentabilidade e na rentabilidade. Isso inclui a adoção do Sistema de Plantio Direto para conservação do solo e rotação de culturas, bem como o uso racional de insumos. O sucesso da lavoura depende da execução precisa de cada etapa, visto que erros no estabelecimento da população de plantas ou na regulagem da colheita podem comprometer irreversivelmente o rendimento final e a qualidade panificável do cereal.

Principais Características

Fenologia e Perfilhamento: O trigo possui uma característica distinta de emitir perfilhos (brotos laterais) que podem produzir espigas produtivas, exigindo um manejo que favoreça essa fase para compor o estande final de plantas.
Ciclo de Desenvolvimento: As cultivares utilizadas no Brasil apresentam ciclos que variam geralmente de 100 a 170 dias, divididos em fases críticas como germinação, afilhamento, alongamento, espigamento e maturação.
Adaptação Regional: O manejo difere conforme a região; no Sul, o foco é evitar geadas na floração e chuvas na colheita, enquanto no Cerrado, o desafio envolve o manejo da irrigação e altas temperaturas.
Sistema de Plantio Direto: A cultura é predominantemente estabelecida com mínima mobilização do solo e sobre a palhada da cultura anterior, favorecendo a retenção de umidade e proteção contra erosão.
Exigência Nutricional: É uma cultura exigente em fertilidade do solo, necessitando de correção de pH e adubação equilibrada, especialmente de nitrogênio, para garantir teor de proteína no grão.

Importante Saber

Respeito ao Zoneamento (ZARC): Seguir rigorosamente as janelas de plantio indicadas pelo zoneamento agroclimático é fundamental para reduzir riscos de perdas por geadas tardias ou chuvas excessivas na colheita.
Ponto de Colheita e Umidade: A colheita deve ser iniciada quando os grãos atingirem entre 16% e 18% de umidade, finalizando preferencialmente com 13%, para evitar perdas por debulha natural ou germinação na espiga.
Regulagem de Maquinário: A velocidade da colheitadeira (ideal entre 5 a 8 km/h) e os ajustes do sistema de trilha e limpeza devem ser monitorados constantemente para evitar quebra de grãos e perdas na plataforma.
Densidade de Semeadura: O ajuste da população de plantas deve considerar a capacidade de perfilhamento da cultivar escolhida; erros na densidade podem causar acamamento ou subaproveitamento da área.
Monitoramento Climático: Acompanhar a previsão do tempo é crucial, pois a combinação de calor e umidade na fase final pode provocar a germinação pré-colheita (na espiga), inutilizando o trigo para a indústria de panificação.
Controle Fitossanitário: O manejo integrado de pragas e doenças deve ser preventivo, protegendo especialmente a folha bandeira, que é responsável por grande parte do enchimento dos grãos.