Tudo sobre Manejo Na Entressafra

O que é Manejo Na Entressafra

O Manejo na Entressafra refere-se ao conjunto estratégico de práticas agrícolas realizadas no intervalo entre a colheita de uma cultura principal e a semeadura da safra seguinte. No contexto do agronegócio brasileiro, este período deixou de ser encarado apenas como um momento de “pousio” ou descanso da terra para se tornar uma etapa vital no planejamento produtivo. O objetivo central é preparar o ambiente de cultivo, reduzindo pressões bióticas e corrigindo fatores limitantes para garantir o máximo potencial produtivo da próxima lavoura.

Uma das funções mais críticas desse manejo é a interrupção do ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas. Durante a entressafra, muitas espécies invasoras, como a buva (Conyza spp.), e plantas voluntárias (tigueras) aproveitam a ausência da cultura comercial para se desenvolverem, atuando como uma “ponte verde”. Sem o devido controle, essas plantas servem de abrigo e alimento para insetos e patógenos que sobreviverão no local e atacarão as plântulas da próxima safra logo na emergência, comprometendo o estande inicial e elevando os custos de produção.

Além do aspecto sanitário, o manejo na entressafra engloba a manutenção da fertilidade e estrutura do solo, muitas vezes através do uso de plantas de cobertura ou adubação verde, e a revisão operacional da propriedade. É o momento ideal para a manutenção preventiva de maquinários, calibração de equipamentos e análise de resultados da safra anterior. Portanto, transformar a entressafra natural (causada por clima seco ou frio) em uma entressafra programada e ativa é determinante para a sustentabilidade e lucratividade do sistema de produção.

Principais Características

Eliminação da Ponte Verde: Foco na erradicação de plantas daninhas e culturas remanescentes (tigueras) que servem de hospedeiros para pragas e doenças entre os ciclos produtivos.
Dessecação Antecipada: Aplicação estratégica de herbicidas para controlar plantas de difícil manejo, como a buva, impedindo que elas sementeiem ou atinjam estágios de desenvolvimento onde o controle químico é ineficaz.
Manutenção Operacional: Período dedicado à revisão mecânica de tratores, semeadoras e pulverizadores, garantindo que todo o parque de máquinas esteja apto para a janela de plantio.
Proteção do Solo: Implementação de práticas que visam a cobertura do solo (palhada) para manutenção da umidade, proteção contra erosão e supressão física de novas plantas daninhas.
Monitoramento Contínuo: Realização de amostragens para identificar a densidade populacional de pragas e o banco de sementes de invasoras, fundamentando a tomada de decisão para o pré-plantio.

Importante Saber

Controle de Plantas Resistentes: A entressafra é o momento crucial para manejar plantas daninhas resistentes a herbicidas (como a buva resistente ao glifosato), pois permite o uso de mecanismos de ação distintos sem risco de fitotoxicidade para a cultura principal.
Impacto no Estande Inicial: Falhas no manejo de entressafra resultam frequentemente em ataques severos de pragas (como percevejos e lagartas) logo nos primeiros dias após a emergência da nova cultura, causando redução do número de plantas por hectare.
Manejo de Tigueras: Plantas voluntárias de milho ou soja da safra anterior devem ser eliminadas rigorosamente, pois são os principais vetores de continuidade para pragas específicas e doenças virais ou fúngicas.
Planejamento do MIP: O Manejo Integrado de Pragas começa antes do plantio; ignorar a população de insetos na entressafra pode tornar o controle químico ineficiente durante o ciclo da cultura devido à alta pressão de infestação.
Janela de Oportunidade: A germinação da buva e de outras invasoras de inverno ocorre predominantemente neste período; controlá-las enquanto são pequenas é agronomicamente mais eficiente e economicamente mais viável do que tentar o controle na pós-emergência da soja ou milho.