O que é Manejo Nutricional Do Algodão

O manejo nutricional do algodão compreende o planejamento e a execução de práticas de adubação e correção do solo, visando suprir as demandas fisiológicas do algodoeiro em cada etapa do seu ciclo de desenvolvimento. No contexto do agronegócio brasileiro, esta prática tornou-se um dos pilares fundamentais para o salto de produtividade observado nas últimas décadas, permitindo que o país triplicasse sua produção através da união entre melhoramento genético e manejo eficiente.

As variedades modernas de algodão, embora possuam alto teto produtivo, são extremamente exigentes e sensíveis a estresses bióticos e abióticos. Nesse cenário, o manejo nutricional não serve apenas para “alimentar” a planta, mas atua como um escudo fisiológico, fortalecendo a cultura contra adversidades climáticas e ataques de pragas. O objetivo central é garantir que não haja deficiência de macro e micronutrientes nos momentos críticos de definição da carga pendente (botões florais, flores e maçãs), assegurando a qualidade da fibra e o rendimento final da lavoura.

Principais Características

  • Curva de absorção variável: O algodoeiro apresenta um crescimento inicial lento, com baixa demanda nutricional nos primeiros 25 dias, seguido por um aumento exponencial na absorção de nutrientes a partir do surgimento do primeiro botão floral.

  • Pico de demanda na fase reprodutiva: O momento crítico de absorção ocorre entre o início do florescimento e a formação dos capulhos, período em que a planta assimila cerca de 60% de todos os nutrientes necessários para o ciclo.

  • Alta exigência de Potássio (K): A cultura possui uma demanda extremamente concentrada de potássio, chegando a absorver um terço de todo o K necessário em um intervalo de apenas 14 dias durante o florescimento máximo.

  • Sistema radicular sensível: O algodão possui um sistema radicular que cresce predominantemente durante o curto período vegetativo (40-45 dias) e é altamente sensível à compactação e à acidez do solo, exigindo correção em profundidade.

  • Competição por fotoassimilados: Durante a fase reprodutiva, as estruturas frutíferas tornam-se drenos fortes de energia, reduzindo drasticamente o crescimento das raízes e a capacidade da planta de buscar nutrientes no solo, o que exige alta disponibilidade nutricional nesse período.

Importante Saber

  • Correção do solo é pré-requisito: Devido à sensibilidade do sistema radicular ao alumínio tóxico, a calagem (para corrigir pH) e a gessagem (para condicionamento em profundidade) são obrigatórias para garantir o acesso das raízes à água e nutrientes.

  • Meta de Saturação por Bases (V%): Para o cultivo de algodão, recomenda-se elevar a saturação por bases do solo para 60%, utilizando a análise de solo e a CTC (Capacidade de Troca de Cátions) para calcular a necessidade exata de calcário.

  • Interpretação baseada na textura do solo: Os níveis críticos de Fósforo (P) e Potássio (K) variam conforme o teor de argila; solos argilosos retêm mais nutrientes (maior CTC) e exigem níveis diferentes em comparação aos solos arenosos.

  • Janela crítica de adubação: Falhas na disponibilidade de nutrientes durante a janela de florescimento e enchimento de maçãs são irreversíveis e impactam diretamente a produtividade, pois a planta não consegue recuperar o potencial produtivo perdido.

  • Planejamento conforme a fenologia: A aplicação de fertilizantes deve ser sincronizada com a fenologia da planta, evitando excessos na fase inicial (que podem causar crescimento vegetativo exagerado) e garantindo suprimento total antes do fechamento das entrelinhas.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Manejo Nutricional do Algodão

Veja outros artigos sobre Manejo Nutricional do Algodão