Paraquat na Soja: Por Que Foi Proibido e Quais São as Alternativas?
Dessecar soja: Entenda por que o produto foi proibido, quais as normas para o processo de transição e as perspectivas do mercado para novos substitutos.
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O manejo pré-colheita da soja compreende o conjunto de práticas agronômicas e decisões estratégicas realizadas nos estádios finais de desenvolvimento da cultura, especificamente entre o início da maturação fisiológica (R7) e a colheita plena (R8). No contexto do agronegócio brasileiro, esta etapa é crítica para garantir a qualidade do grão, minimizar perdas quantitativas e assegurar a eficiência operacional das máquinas. A prática mais comum e impactante dentro deste manejo é a dessecação química, que visa uniformizar a lavoura e eliminar a massa verde de plantas daninhas ou da própria cultura que ainda não completou seu ciclo natural.
A importância deste manejo intensificou-se no Brasil devido à predominância de cultivares de hábito de crescimento indeterminado e à necessidade de liberar a área rapidamente para o plantio da segunda safra (milho safrinha). Muitas vezes, as vagens da soja já estão prontas para a colheita, mas as hastes permanecem verdes ou há retenção foliar, o que dificulta o trabalho das colheitadeiras. O manejo correto permite antecipar a entrada das máquinas, padronizar o teor de umidade dos grãos e reduzir o índice de impurezas e “grãos ardidos” decorrentes da exposição excessiva à umidade no campo.
Recentemente, o cenário do manejo pré-colheita sofreu alterações significativas com a proibição do Paraquat pela Anvisa. Este herbicida era a principal ferramenta utilizada para a dessecação devido à sua ação rápida e não sistêmica. Com sua retirada do mercado, os produtores e agrônomos precisaram adaptar o manejo, buscando herbicidas alternativos (como Diquat, Glufosinato ou Saflufenacil) e ajustando as tecnologias de aplicação para manter a eficiência da colheita sem comprometer a segurança alimentar ou a viabilidade econômica da lavoura.
Uniformização da Maturação: A principal característica é a indução da secagem rápida e homogênea das plantas, eliminando a variabilidade de umidade entre diferentes talhões ou dentro da mesma planta.
Controle de Plantas Daninhas: Atua na eliminação de invasoras que germinaram tardiamente ou escaparam do controle anterior, evitando que a massa verde (buchas) embuche a colheitadeira e aumente a umidade da massa de grãos colhida.
Ação de Contato ou Sistêmica: Os produtos utilizados no manejo podem agir apenas onde tocam (contato, exigindo ótima cobertura) ou translocar pela planta (sistêmicos), sendo que a escolha depende do objetivo (grão comercial ou semente) e da velocidade desejada.
Antecipação da Colheita: Permite adiantar a retirada da cultura do campo em alguns dias, o que é estratégico para o planejamento logístico e para o aproveitamento da janela de plantio da cultura subsequente.
Redução de Perdas Mecânicas: Ao secar hastes verdes e folhas, facilita o corte e a trilha pela colheitadeira, reduzindo o consumo de combustível e a perda de grãos que seriam jogados fora junto com a palhada úmida.
Momento Exato da Aplicação: A dessecação não deve ser realizada antes que a cultura atinja a maturação fisiológica (geralmente estádio R7.1 a R7.3, quando a maioria das vagens perdeu a cor verde). Aplicações precoces interrompem o enchimento de grãos, causando perda direta de produtividade e peso de mil grãos.
Intervalo de Segurança (Carência): É fundamental respeitar o Período de Carência (Intervalo de Segurança) de cada herbicida utilizado. O desrespeito a esse prazo pode gerar resíduos químicos nos grãos acima do limite permitido, resultando em rejeição da carga, especialmente em mercados de exportação.
Substituição do Paraquat: Com a proibição do Paraquat, o manejo exige maior atenção à tecnologia de aplicação. Alternativas como o Diquat exigem volumes de calda maiores e horários de aplicação específicos (evitando alta luminosidade imediata em alguns casos) para garantir a eficácia na queima das folhas.
Qualidade da Semente: Para campos de produção de sementes, o manejo pré-colheita exige cautela redobrada. Alguns herbicidas sistêmicos podem translocar para o embrião e reduzir o vigor e a germinação da semente. Produtos de contato são geralmente preferidos neste cenário.
Condições Climáticas: A eficiência dos produtos utilizados no pré-colheita é altamente dependente das condições ambientais. Chuvas logo após a aplicação podem lavar o produto, enquanto a aplicação em condições de estresse hídrico severo pode reduzir a absorção e a eficácia da dessecação.
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