O que é Microrganismos Na Agricultura

Os microrganismos na agricultura referem-se ao uso intencional e tecnológico de bactérias, fungos, vírus e outros organismos microscópicos para otimizar a produção vegetal. No contexto do agronegócio brasileiro, essa prática é a base do mercado de bioinsumos e representa uma das ferramentas mais consolidadas da biotecnologia verde. Diferente da visão antiga que associava microrganismos apenas a doenças, a agronomia moderna os utiliza como aliados estratégicos para nutrição, promoção de crescimento e defesa das lavouras.

A aplicação mais difundida no Brasil é a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), especialmente na cultura da soja, onde bactérias do gênero Bradyrhizobium são inoculadas nas sementes para capturar nitrogênio atmosférico e disponibilizá-lo para a planta. Além da nutrição, microrganismos como o Bacillus thuringiensis (Bt) e fungos entomopatogênicos (como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) atuam no controle biológico, combatendo pragas de forma específica e reduzindo a pressão de seleção causada pelo uso excessivo de defensivos químicos convencionais.

Essa tecnologia visa restabelecer o equilíbrio biológico do sistema produtivo. Ao introduzir ou estimular populações benéficas no solo e na parte aérea das plantas, o produtor consegue melhorar a estrutura do solo, aumentar a eficiência na absorção de água e nutrientes e induzir resistência nas culturas contra estresses bióticos e abióticos. Trata-se de uma abordagem que une produtividade com sustentabilidade, permitindo a redução de custos com fertilizantes minerais e inseticidas sintéticos.

Principais Características

  • Especificidade de Ação: Muitos microrganismos atuam sobre alvos específicos (como uma praga ou doença determinada), preservando insetos benéficos e polinizadores, diferentemente de químicos de amplo espectro.

  • Fixação e Solubilização de Nutrientes: Capacidade de converter elementos indisponíveis no ambiente (como nitrogênio do ar ou fósforo retido no solo) em formas assimiláveis pelas raízes das plantas.

  • Promoção de Crescimento: Produção de fitohormônios (como auxinas, giberelinas e citocininas) que estimulam o desenvolvimento radicular, aumentando a área de exploração do solo pela planta.

  • Indução de Resistência: Ativação dos mecanismos naturais de defesa da planta, tornando-a mais robusta contra ataques de patógenos e variações climáticas, como a seca.

  • Ausência de Período de Carência: Na maioria dos casos, o uso de agentes biológicos não exige intervalo de segurança entre a aplicação e a colheita, nem deixa resíduos tóxicos nos alimentos.

  • Versatilidade de Aplicação: Podem ser utilizados via tratamento de sementes (TS), sulco de plantio ou pulverização foliar, adaptando-se ao manejo operacional da fazenda.

Importante Saber

  • Cuidados no Armazenamento: Por se tratarem de organismos vivos, os produtos biológicos são sensíveis ao calor excessivo e à luz solar direta; o armazenamento incorreto pode inviabilizar a eficiência do produto antes mesmo da aplicação.

  • Compatibilidade em Tanque: É crucial verificar a compatibilidade ao misturar microrganismos com fungicidas ou bactericidas químicos, pois estes podem eliminar o agente biológico, anulando o efeito do tratamento.

  • Condições de Aplicação: A eficiência dos microrganismos depende das condições ambientais; aplicações em horários de sol forte ou baixa umidade relativa podem causar a morte dos organismos por radiação UV e dessecação.

  • Ação Gradual e Preventiva: Diferente do efeito de “choque” de alguns químicos, muitos biológicos funcionam melhor de forma preventiva ou requerem um tempo para se estabelecerem e colonizarem o ambiente ou a praga alvo.

  • Registro e Procedência: Utilize apenas produtos registrados no Ministério da Agricultura (MAPA), garantindo que a concentração de unidades formadoras de colônias (UFC) seja adequada e que a cepa utilizada seja agronomicamente eficiente.

  • Manejo Integrado: O uso de microrganismos deve fazer parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e de Doenças (MID), funcionando em conjunto com outras práticas culturais e químicas, e não necessariamente como substituto total imediato.

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