O que é Monitoramento

O monitoramento agrícola é a prática sistemática e quantitativa de inspeção das lavouras para identificar a presença e a densidade populacional de pragas, doenças, plantas daninhas e inimigos naturais. No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente dentro das estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP), o monitoramento atua como o alicerce fundamental para a tomada de decisão agronômica. Ele substitui o modelo tradicional de aplicações preventivas ou baseadas em calendário (“calendarização”) por intervenções cirúrgicas, realizadas apenas quando as populações atingem níveis que justificam o controle técnico e econômico.

Esta prática envolve a coleta de dados representativos em diferentes pontos dos talhões, utilizando metodologias padronizadas como o pano-de-batida para culturas como a soja, ou armadilhas com feromônios para monitoramento comportamental. O objetivo central não é apenas encontrar a praga, mas entender a dinâmica da sua população ao longo do tempo e sua relação com o estágio fenológico da cultura. Ao fornecer um diagnóstico preciso da saúde da lavoura, o monitoramento permite que o produtor ou agrônomo calcule se o Nível de Controle (NC) foi atingido, evitando prejuízos causados tanto pelo ataque dos insetos quanto pelo desperdício de insumos em aplicações desnecessárias.

Principais Características

  • Amostragem Representativa: O monitoramento exige a divisão da propriedade em talhões homogêneos (geralmente até 50 ou 100 hectares) e a definição de pontos de amostragem aleatórios (mínimo de 6 a 10 pontos por talhão) para garantir que os dados reflitam a realidade de toda a área, e não apenas das bordaduras.

  • Metodologia Padronizada: Utiliza ferramentas específicas para cada cultura e praga, sendo o pano-de-batida (1m x 1m) o método mais comum na sojicultura brasileira para contagem de lagartas e percevejos, além do uso de lupas de bolso (10x ou 20x) para identificação de ovos e pragas menores como ácaros.

  • Periodicidade Definida: A frequência das vistorias deve ser constante, geralmente semanal, podendo aumentar para intervalos menores (3 a 4 dias) em momentos críticos da cultura ou quando a pressão da praga se aproxima do Nível de Controle.

  • Registro e Histórico: A característica vital é a documentação dos dados coletados em planilhas ou softwares de gestão, permitindo a criação de curvas populacionais que mostram se a infestação está em declínio, estabilidade ou crescimento exponencial.

  • Quantificação de Inimigos Naturais: Diferente de uma simples inspeção visual, o monitoramento técnico contabiliza também a presença de predadores e parasitoides (como joaninhas, tesourinhas e Trichogramma), que são fundamentais para o controle biológico natural.

Importante Saber

  • Base para o Nível de Controle (NC): O monitoramento é a única ferramenta capaz de indicar o momento exato da aplicação de defensivos. Sem ele, é impossível aplicar os conceitos de Nível de Dano Econômico (NDE), o que frequentemente leva a aplicações tardias (perda de produtividade) ou precoces (aumento de custo).

  • Prevenção da Resistência: A falta de monitoramento favorece o uso repetitivo e desnecessário de inseticidas. Dados indicam que o monitoramento correto pode reduzir o número de aplicações em até 68%, preservando a eficácia das moléculas químicas e retardando a seleção de indivíduos resistentes.

  • Identificação Correta é Crítica: O sucesso do monitoramento depende da capacidade técnica do monitor em diferenciar pragas-chave de pragas secundárias e, principalmente, de não confundir pragas com inimigos naturais, evitando o extermínio da fauna benéfica.

  • Redução de Custos Operacionais: Propriedades que adotam o monitoramento rigoroso tendem a ter um custo de produção significativamente menor, pois eliminam as “aplicações de carona” (mistura de produtos no tanque sem necessidade técnica) e focam o investimento apenas onde e quando há risco real de prejuízo.

  • Segurança da Biotecnologia: Para culturas transgênicas (como soja e milho Bt), o monitoramento é essencial para verificar a eficácia da tecnologia e detectar precocemente possíveis quebras de resistência ou a presença de pragas não-alvo da tecnologia Bt.

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