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O que é Mosca Branca

A mosca-branca (Bemisia tabaci) é um inseto sugador da ordem Hemiptera, classificado como uma das pragas mais complexas e severas para a agricultura brasileira. Embora seu nome popular sugira parentesco com as moscas comuns, ela pertence à mesma ordem dos pulgões e cigarrinhas. Este inseto é polífago, o que significa que possui a capacidade de se alimentar e reproduzir em uma vasta gama de hospedeiros, afetando mais de 600 espécies de plantas, incluindo culturas de alto valor econômico como soja, feijão, algodão, tomate e diversas hortaliças.

O impacto econômico da mosca-branca decorre de dois mecanismos de dano distintos. O primeiro é o dano direto, causado pela sucção da seiva, que extrai nutrientes essenciais e injeta toxinas, enfraquecendo a planta e comprometendo seu desenvolvimento vegetativo. O segundo, e frequentemente mais devastador, é o dano indireto: o inseto atua como vetor de mais de uma centena de vírus, como o Mosaico Dourado do feijoeiro e a Necrose da Haste da soja. Dependendo da intensidade da infestação e do estágio da cultura, as perdas de produtividade podem variar de 20% a 100%.

No cenário agrícola nacional, o controle deste inseto é dificultado pela presença de diferentes biótipos, com destaque para o Biótipo B (MEAM1), predominante no Brasil. Esta variante apresenta alta capacidade reprodutiva, rápida adaptação a diferentes condições climáticas e uma notável facilidade em desenvolver resistência a inseticidas químicos. Além disso, a praga consegue sobreviver na entressafra alimentando-se de plantas daninhas e tiguera, o que exige um manejo integrado e contínuo por parte do produtor.

Principais Características

  • Identificação morfológica: Os adultos são pequenos, medindo entre 1 mm e 2 mm, com corpo amarelo-palha e asas brancas que, quando em repouso, deixam o abdômen visível. As ninfas (formas jovens) passam por quatro estágios, variando de translúcidas a amarelo-pálido, e fixam-se nas folhas.

  • Localização na planta: A colonização ocorre preferencialmente na face abaxial (parte inferior) das folhas mais novas, onde adultos se alimentam e fêmeas depositam seus ovos em formato de pêra, dificultando a visualização rápida sem vistoria detalhada.

  • Ciclo de vida rápido: O desenvolvimento de ovo a adulto ocorre de forma acelerada, especialmente em temperaturas elevadas, permitindo múltiplas gerações sobrepostas durante uma mesma safra, o que resulta em explosões populacionais repentinas.

  • Transmissão viral: É o principal vetor de Begomovírus (como o Mosaico Dourado) e Carlavírus (como a Necrose da Haste), doenças que causam deformações foliares, nanismo e abortamento de flores e vagens.

  • Diversidade de hospedeiros: Alimenta-se de famílias botânicas variadas, com preferência por Fabáceas (soja, feijão), Solanáceas (tomate, batata), Malváceas (algodão) e Cucurbitáceas, além de plantas invasoras que servem de ponte verde.

  • Excreção de “honeydew”: Ao se alimentar, o inseto excreta uma substância açucarada que favorece o crescimento de fumagina (fungo escuro) sobre as folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta.

Importante Saber

  • Monitoramento é decisivo: A identificação precoce é fundamental para o controle. O monitoramento deve focar na contagem de adultos e ninfas na face inferior das folhas; níveis populacionais altos são extremamente difíceis de reverter apenas com controle químico.

  • Manejo de resistência: Devido à rápida seleção de indivíduos resistentes, é crucial rotacionar os mecanismos de ação dos inseticidas (químicos) utilizados, evitando aplicações repetidas do mesmo princípio ativo (como piretroides ou organofosforados) para preservar a eficácia dos produtos.

  • Controle biológico: O uso de fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea, tem se mostrado uma ferramenta eficaz no Manejo Integrado de Pragas (MIP), infectando ninfas e adultos sem gerar resistência química.

  • Papel do Vazio Sanitário: O cumprimento rigoroso do vazio sanitário (especialmente para feijão e algodão) é obrigatório e vital para quebrar o ciclo da praga, eliminando plantas vivas que serviriam de alimento e abrigo na entressafra.

  • Controle de plantas daninhas: A eliminação de plantas invasoras e tigueras (plantas voluntárias da safra anterior) dentro e ao redor da lavoura é essencial, pois elas atuam como “pontes verdes”, mantendo a população da praga ativa entre os cultivos comerciais.

  • Atenção aos biótipos: A presença recente do Biótipo Q (MED) em algumas regiões do Brasil exige atenção redobrada, pois este pode apresentar níveis de resistência diferentes do Biótipo B, demandando ajustes nas estratégias de manejo.

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