Murcha-de-Fusarium no Feijão: Guia Completo de Identificação e Controle
Fusarium feijão: entenda os sintomas, condições favoráveis para a ocorrência, fases mais suscetíveis e como evitá-la
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A Murcha de Fusarium, popularmente conhecida como fusariose, é uma doença vascular severa causada pelo fungo de solo Fusarium oxysporum. No contexto da cultura do feijão, o agente específico é o Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli. Este patógeno representa um dos maiores desafios fitossanitários para o agronegócio brasileiro, afetando tanto o feijão-comum quanto o feijão-caupi. A doença caracteriza-se pela obstrução dos vasos condutores da planta (xilema), impedindo o transporte adequado de água e nutrientes das raízes para a parte aérea, o que leva ao murchamento e, frequentemente, à morte da planta.
O fungo causador é classificado como um habitante do solo, possuindo estruturas de resistência que lhe permitem sobreviver na terra por longos períodos, mesmo na ausência da planta hospedeira. Essa característica torna o manejo extremamente complexo, pois a intensidade da doença tende a aumentar progressivamente em áreas onde o cultivo é repetido sem a devida rotação ou tratamento. A disseminação pode ocorrer via sementes contaminadas, água de irrigação, implementos agrícolas e movimentação de solo infestado.
No Brasil, as perdas ocasionadas pela Murcha de Fusarium podem ser devastadoras, especialmente em cultivares suscetíveis, onde os danos podem ultrapassar 50% da produção ou levar à perda total da lavoura. A doença manifesta-se com maior agressividade em condições de estresse da planta e em solos desequilibrados, exigindo do produtor uma abordagem integrada que envolve desde a escolha da semente até o manejo físico e químico do solo.
Sintomatologia Visual: O sintoma clássico inicia-se com o amarelecimento das folhas mais velhas, seguido de murcha progressiva da planta, que se torna mais evidente nas horas mais quentes do dia. As folhas podem secar e cair, mas frequentemente permanecem aderidas à planta.
Ocorrência em Reboleiras: A distribuição da doença na lavoura geralmente não é uniforme; ela surge em manchas ou focos isolados conhecidos como “reboleiras”, indicando a concentração do inóculo em determinadas partes do talhão.
Escurecimento Vascular: Uma característica diagnóstica fundamental é a descoloração dos vasos internos. Ao realizar um corte longitudinal no caule, observa-se um anel ou estrias de cor marrom-avermelhada ou escura no sistema vascular, evidenciando a colonização pelo fungo.
Sinergia com Nematoides: A presença de nematoides, especialmente o nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.), agrava severamente a incidência da doença. Os ferimentos causados pelos nematoides nas raízes servem como porta de entrada facilitada para o fungo Fusarium.
Persistência no Solo: O patógeno possui alta capacidade de sobrevivência saprofítica e estruturas de resistência (clamidósporos), o que permite que ele permaneça viável no solo por anos, dificultando a erradicação.
Momento Crítico de Danos: Embora a infecção possa ocorrer em qualquer estádio, os sintomas e danos tornam-se mais severos a partir do florescimento e enchimento de vagens, momento em que a demanda hídrica da planta é máxima e o sistema vascular comprometido não consegue supri-la.
Condições Edafoclimáticas Favoráveis: O desenvolvimento do fungo é favorecido por temperaturas amenas (entre 24°C e 28°C) e alta umidade do solo. Solos compactados, ácidos, arenosos e com baixo teor de matéria orgânica também predispõem a cultura à infecção.
Diagnóstico Diferencial: É comum confundir os sintomas iniciais da Murcha de Fusarium com estresse hídrico simples ou outras doenças radiculares. A verificação do escurecimento vascular e a observação da recuperação (ou falta dela) durante a noite são essenciais para a distinção.
Risco de Transmissão por Sementes: O fungo pode infectar as sementes, alojando-se interna ou externamente. O uso de sementes certificadas e tratadas é a primeira linha de defesa para evitar a introdução do patógeno em áreas isentas.
Limitações do Controle Químico: Uma vez que o fungo está instalado nos vasos internos da planta ou protegido no solo, o controle curativo com fungicidas foliares é pouco eficiente. O foco deve ser preventivo, utilizando variedades resistentes, controle biológico e melhoria da qualidade do solo.
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