Artigos sobre Nematóide das Lesões Radiculares

O que é Nematóide Das Lesões Radiculares

O Nematóide das Lesões Radiculares refere-se, principalmente, às espécies do gênero Pratylenchus. No cenário agrícola brasileiro, este grupo é considerado o segundo mais importante em termos de danos econômicos, ficando atrás apenas do nematoide-das-galhas (Meloidogyne). Diferente de outros nematoides que se fixam em um único local da raiz, o Pratylenchus é classificado como um endoparasita migrador. Isso significa que ele penetra no sistema radicular, alimenta-se das células, movimenta-se internamente destruindo tecidos e pode sair para o solo para reinfectar outras partes da raiz ou plantas vizinhas.

A principal característica de seu ataque é a formação de necroses ou lesões escuras nas raízes, resultantes da morte das células das quais o parasita se alimentou e da liberação de toxinas. Essas lesões comprometem severamente a capacidade da planta de absorver água e nutrientes, resultando em lavouras com desenvolvimento desigual e baixa produtividade. No Brasil, as espécies Pratylenchus brachyurus e Pratylenchus zeae são as mais prevalentes, causando prejuízos bilionários, especialmente nas culturas da soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e café.

A identificação visual no campo é complexa, pois os sintomas na parte aérea da planta — como amarelamento, murcha nas horas mais quentes do dia e raquitismo — são inespecíficos e frequentemente confundidos com deficiências nutricionais, compactação do solo ou estresse hídrico. Por ser um parasita que transita entre o solo e a raiz durante todo o seu ciclo de vida, o controle é desafiador, exigindo um manejo integrado robusto para evitar a multiplicação da população na área.

Principais Características

• Hábito Migrador: Ao contrário dos nematoides sedentários que formam galhas ou cistos, o Pratylenchus se movimenta constantemente dentro e fora das raízes, causando danos mecânicos extensos ao tecido radicular durante sua locomoção e alimentação.

• Sintomas Radiculares: O sinal mais típico é a presença de lesões necróticas de coloração escura (marrom ou preta) ao longo das raízes, que podem coalescer e levar ao apodrecimento e destruição de grandes porções do sistema radicular.

• Polifagia: Possui uma ampla gama de hospedeiros. A espécie P. brachyurus, por exemplo, sobrevive e se reproduz bem tanto em soja quanto em milho, o que torna o sistema de sucessão soja-milho safrinha um ambiente favorável para o aumento populacional da praga.

• Porta de Entrada: As lesões causadas por este nematoide servem como porta de entrada para fungos e bactérias de solo, agravando o estado sanitário da planta e acelerando a degradação das raízes.

• Ciclo de Vida: O ciclo completo, de ovo a adulto, varia conforme a temperatura e o hospedeiro, mas geralmente ocorre entre 3 a 8 semanas, permitindo várias gerações dentro de uma mesma safra agrícola.

Importante Saber

• Diagnóstico Laboratorial: Como os sintomas aéreos são genéricos e as lesões radiculares podem ser confundidas com doenças fúngicas, a confirmação da presença e a identificação da espécie (se é P. brachyurus, P. zeae, etc.) dependem obrigatoriamente de análise nematológica de solo e raízes em laboratório.

• Desafio na Rotação de Culturas: Devido à sua capacidade de parasitar diversas culturas comerciais e plantas daninhas, a rotação de culturas deve ser planejada com cautela. O uso de crotalárias (Crotalaria spectabilis ou C. ochroleuca) é uma das poucas ferramentas eficazes para reduzir a população no solo.

• Disseminação: A principal forma de espalhamento dentro da propriedade ou entre fazendas é através do trânsito de máquinas, implementos agrícolas e veículos contendo solo infestado aderido aos pneus ou partes ativas. A limpeza de maquinário é uma medida profilática essencial.

• Impacto na Resistência à Seca: Plantas atacadas pelo nematoide das lesões radiculares têm seu sistema radicular reduzido e menos profundo, tornando a lavoura muito mais sensível a veranicos e períodos de estiagem.

• Manejo Integrado: Não existe uma solução única. O controle efetivo exige a combinação de tratamento de sementes (químico ou biológico), uso de cultivares com algum nível de resistência (quando disponíveis), controle rigoroso de plantas daninhas hospedeiras e melhoria da qualidade biológica do solo.