O que é Oídio No Trigo

O Oídio no trigo é uma doença fúngica de grande importância econômica para a triticultura brasileira, causada pelo fungo Blumeria graminis f. sp. tritici. Esta enfermidade é facilmente reconhecida pela formação de uma massa branca ou acinzentada, com aspecto de algodão ou farinha, sobre a superfície das folhas e outras partes aéreas da planta. Embora o fungo se desenvolva superficialmente, ele emite estruturas de alimentação chamadas haustórios para o interior das células epidérmicas, drenando os nutrientes essenciais e enfraquecendo o desenvolvimento da cultura.

No contexto do agronegócio brasileiro, o oídio encontra condições favoráveis em diversas regiões produtoras, especialmente onde há microclimas formados por alta densidade de semeadura e adubação nitrogenada excessiva. A doença interfere diretamente na capacidade fotossintética da planta, pois a cobertura fúngica bloqueia a incidência de luz solar nas folhas. Se não controlado adequadamente, o patógeno pode comprometer o enchimento de grãos e reduzir drasticamente o peso do hectolitro (PH).

O impacto produtivo pode ser severo. Dados técnicos indicam que, em situações de alta severidade e ausência de manejo, as perdas na lavoura de trigo podem chegar a 60%. A doença pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da cultura, desde a emergência até o espigamento, sendo que ataques precoces e intensos tendem a gerar os maiores prejuízos econômicos ao produtor, exigindo monitoramento constante e estratégias de manejo integrado.

Principais Características

  • Sintomatologia Visual: A característica mais marcante é a presença de colônias de micélio e esporos de cor branca a cinza-pálido, assemelhando-se a um pó fino (eflorescência pulverulenta) sobre folhas, bainhas e, em casos severos, nas espigas.

  • Evolução das Lesões: Com o passar do tempo e o envelhecimento das colônias fúngicas, a coloração branca torna-se acinzentada e o tecido vegetal abaixo da infecção pode tornar-se clorótico (amarelado) e posteriormente necrótico, levando à morte prematura da folha.

  • Mecanismo de Ataque: O fungo é um parasita biotrófico obrigatório, o que significa que ele necessita de tecido vivo para sobreviver. Ele se desenvolve externamente, mas penetra nas células da epiderme para extrair água e nutrientes.

  • Disseminação: A propagação ocorre principalmente pelo vento, que transporta os esporos (conídios) a longas distâncias, permitindo que a doença se espalhe rapidamente de uma lavoura para outra ou dentro do mesmo talhão.

  • Condições Favoráveis: Embora o oídio geral seja associado a climas secos, no trigo, o fungo é favorecido por temperaturas amenas (entre 15°C e 22°C) e alta umidade relativa do ar, sem a necessidade de molhamento foliar (chuva) para a infecção, sendo comum em lavouras com dossel denso.

Importante Saber

  • Monitoramento Constante: A identificação precoce é fundamental. O monitoramento deve começar logo nas fases iniciais da cultura, observando principalmente as folhas inferiores e o interior do dossel, onde o microclima é mais favorável ao fungo.

  • Manejo Cultural: A utilização de cultivares geneticamente resistentes ou tolerantes é a medida de controle mais eficiente e econômica. Além disso, deve-se evitar a densidade excessiva de semeadura e o desequilíbrio na adubação nitrogenada, que favorecem o desenvolvimento da doença.

  • Impacto na Fotossíntese: A camada de fungo reduz a área foliar verde ativa. Proteger as folhas superiores, especialmente a folha bandeira, é crítico para garantir o enchimento adequado dos grãos e a produtividade final.

  • Controle Químico: A aplicação de fungicidas deve seguir as recomendações técnicas de limiares de dano econômico. O uso preventivo ou curativo inicial é mais eficaz do que aplicações tardias quando a doença já tomou conta da área foliar.

  • Rotação de Culturas: Como o fungo Blumeria graminis f. sp. tritici é específico do trigo e precisa de hospedeiros vivos ou restos culturais recentes (tiguera) para sobreviver, a rotação de culturas e o controle de plantas voluntárias são essenciais para reduzir o inóculo inicial na safra seguinte.

  • Diferenciação de Doenças: É crucial não confundir o oídio com outras doenças foliares ou manchas. O aspecto pulverulento e superficial, que pode ser removido passando o dedo (embora deixe a marca amarelada), é um diferencial prático para o diagnóstico em campo.

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