Tudo sobre Percevejo Barriga Verde

O que é Percevejo Barriga Verde

O percevejo barriga-verde é uma praga agrícola de grande importância econômica no Brasil, pertencente ao gênero Dichelops. Historicamente considerada uma praga secundária, tornou-se uma das principais ameaças à produtividade de grãos, especialmente na cultura do milho safrinha. As duas espécies predominantes no país são Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus. Estes insetos são favorecidos pelo sistema de produção intensivo, como a sucessão soja-milho, e pela prática do plantio direto, onde a palhada serve de abrigo e proteção, dificultando o alcance dos inseticidas.

O ataque deste inseto é particularmente severo nas fases iniciais do desenvolvimento das plantas. Diferente de outras pragas que apenas consomem massa foliar, o percevejo barriga-verde insere seu estilete na base do caule (colo da planta) para sugar a seiva. Durante a alimentação, ele injeta toxinas enzimáticas que causam necrose nos tecidos e distúrbios fisiológicos graves. No milho, isso resulta em plantas deformadas, com folhas travadas e enroladas, sintoma conhecido popularmente como “encharutamento”, além de estimular o surgimento de perfilhos improdutivos.

A dinâmica populacional desta praga é impulsionada pela “ponte verde”. Como são polífagos, os percevejos sobrevivem na lavoura alimentando-se de plantas daninhas (como trapoeraba e capim-carrapicho) ou restos culturais da soja recém-colhida, aguardando a emergência das plântulas de milho. Se não manejado corretamente, o ataque pode comprometer o estande da lavoura, reduzir o vigor das plantas e causar perdas de produtividade que podem chegar a 50%, exigindo, em casos extremos, o replantio da área.

Principais Características

Espécies e Ocorrência: Existem duas espécies principais: Dichelops furcatus, maior e mais adaptada às regiões de clima ameno (Sul), e Dichelops melacanthus, menor e predominante em regiões mais quentes (Centro-Oeste e Sudeste).
Morfologia: Os adultos possuem o abdômen de coloração verde (daí o nome popular) e o dorso castanho-amarelado. Apresentam espinhos laterais no tórax, que variam de cor e tamanho conforme a espécie.
Hábito Alimentar: São insetos sugadores que atacam o caule das plantas jovens. As ninfas e os adultos são capazes de causar danos significativos ao injetar toxinas nos tecidos meristemáticos.
Ciclo de Vida: O ciclo completo (ovo a adulto) varia com a temperatura, mas a fase de ovo dura cerca de seis dias. As ninfas passam a se alimentar e causar danos logo após a eclosão.
Polifagia: Alimentam-se de diversas culturas, incluindo soja, milho, trigo e plantas daninhas, o que facilita sua permanência na área durante todo o ano agrícola.

Importante Saber

Período Crítico: A fase de maior vulnerabilidade do milho compreende os primeiros 30 dias após a emergência (entre V1 e V4). O monitoramento deve ser intensificado antes mesmo do plantio e logo após a germinação.
Sintomas de Dano: Fique atento a pontuações simétricas nas folhas que se desdobram, bordas amareladas nas lesões e o sintoma de “encharutamento” ou “milho dominado”, onde as folhas centrais não conseguem se desenrolar.
Desafios no Controle: A tecnologia Bt (milho transgênico) focada em lagartas não controla percevejos. Além disso, a palhada do plantio direto pode criar um “efeito guarda-chuva”, protegendo a praga da pulverização.
Manejo na Entressafra: O controle eficiente começa na dessecação antecipada e no manejo de plantas daninhas, eliminando as fontes de alimento e abrigo da praga antes do estabelecimento da cultura principal.
Tratamento de Sementes: O uso de sementes tratadas com inseticidas sistêmicos (neonicotinoides, por exemplo) é uma das ferramentas mais eficazes para proteger a plântula nos primeiros dias críticos de desenvolvimento.