Artigos sobre Percevejo Marrom

O que é Percevejo Marrom

O Percevejo Marrom (Euschistus heros) é considerado atualmente a principal praga sugadora de grãos na agricultura brasileira, com destaque para sua incidência severa na cultura da soja. Pertencente à família Pentatomidae, este inseto fitófago possui um aparelho bucal do tipo picador-sugador, que utiliza para perfurar os tecidos vegetais e extrair a seiva diretamente das vagens e grãos em formação. Diferente de outras espécies, o percevejo-marrom é uma praga neotropical, altamente adaptada às condições de clima quente do Brasil, o que favorece sua rápida multiplicação e dispersão pelas lavouras do país.

O impacto econômico deste inseto é direto e significativo. Ao se alimentar, ele injeta enzimas que provocam a necrose dos tecidos e a redução do peso dos grãos, podendo comprometer até 40% da produtividade em casos de infestações severas não controladas. Além dos danos quantitativos, o ataque afeta drasticamente a qualidade fisiológica das sementes, reduzindo seu vigor e poder germinativo. Outra característica biológica marcante é sua capacidade de entrar em diapausa (um estado de dormência) sob a palhada ou em refúgios durante a entressafra, permitindo que sobreviva a períodos desfavoráveis e reinfeste as lavouras no ciclo seguinte.

Principais Características

• Morfologia do Adulto: Possui coloração marrom-escura uniforme, mede aproximadamente 11 mm de comprimento e apresenta dois espinhos laterais pontiagudos no tórax (pronoto), além de uma mancha clara em forma de meia-lua no final do escutelo (nas costas).

• Ciclo de Vida: O desenvolvimento passa pelas fases de ovo, ninfa e adulto. Os ovos são de cor amarelada, depositados em pequenas fileiras nas folhas ou vagens.

• Comportamento das Ninfas: As ninfas passam por cinco estágios (ínstares). No primeiro, permanecem agrupadas sobre os ovos e não se alimentam; a partir do terceiro ínstar, dispersam-se e começam a causar danos econômicos significativos.

• Hábito Alimentar: Insere o estilete profundamente nos grãos para sucção de nutrientes, sendo que a profundidade da picada e a injeção de saliva tóxica são os principais causadores da perda de massa e qualidade do grão.

• Sobrevivência na Entressafra: Apresenta o fenômeno de oligopausa ou diapausa, escondendo-se na palhada de culturas anteriores ou em matas adjacentes durante o inverno, reduzindo seu metabolismo para sobreviver sem se alimentar até a próxima safra.

Importante Saber

• Período Crítico de Controle: Na cultura da soja, o monitoramento e controle devem ser intensificados entre os estádios R3 (início da formação das vagens) e R7 (início da maturação), fase em que o ataque causa os maiores prejuízos à produtividade.

• Danos Indiretos e Fisiológicos: Além de deixar os grãos “chochos” e enrugados, o ataque intenso pode causar a retenção foliar ou “soja louca”, onde a planta não amadurece adequadamente, dificultando a colheita mecanizada.

• Monitoramento Rigoroso: A amostragem deve ser feita com o pano de batida para quantificar tanto adultos quanto ninfas a partir do 3º ínstar; a contagem correta é fundamental para a tomada de decisão baseada nos níveis de ação do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

• Manejo de Resistência: Devido ao uso intensivo de inseticidas, populações de percevejo-marrom têm apresentado resistência a certos princípios ativos; a rotação de mecanismos de ação química é essencial para manter a eficácia do controle.

• Controle Biológico: O uso de inimigos naturais, como a vespa Telenomus podisi que parasita os ovos do percevejo, é uma estratégia crescente e eficaz para reduzir a pressão populacional da praga de forma sustentável.

• Hospedeiros Alternativos: Atenção à presença de plantas daninhas e outras culturas na área, como o capim-rabo-de-burro, que podem servir de abrigo e fonte de alimento para o percevejo antes que ele migre para a cultura principal.