O que é Perdas Na Colheita De Feijão

As perdas na colheita de feijão representam a redução quantitativa e qualitativa dos grãos recuperados ao final do ciclo produtivo, impactando diretamente a rentabilidade do produtor rural. No contexto da agricultura brasileira, onde o feijão é uma cultura de base alimentar e de grande importância econômica, essas perdas ocorrem principalmente devido a fatores fisiológicos da planta, condições climáticas adversas e ineficiências operacionais durante o processo de recolhimento, seja ele manual, semimecanizado ou totalmente mecanizado.

Diferente de culturas como a soja e o milho, o feijoeiro apresenta características morfológicas, como a inserção baixa das vagens e a maturação desigual, que tornam a colheita uma etapa crítica e tecnicamente desafiadora. As perdas podem se manifestar de duas formas principais: a degrana natural (quando as vagens se abrem antes ou durante o contato com a máquina) e os danos mecânicos (grãos quebrados, amassados ou deixados no campo por falha de recolhimento). O gerenciamento inadequado desta etapa pode comprometer meses de investimento em manejo, fertilidade e proteção da lavoura.

Para mitigar esses prejuízos, é fundamental compreender a interação entre o ponto de maturação fisiológica da cultura e a tecnologia de colheita empregada. A eficiência do processo depende do equilíbrio entre colher no momento exato para evitar a abertura espontânea das vagens e garantir que a umidade do grão esteja adequada para o processamento mecânico, evitando quebras e impurezas que desvalorizam o produto final no mercado.

Principais Características

  • Influência da Umidade do Grão: O teor de água nos grãos é determinante para o tipo de perda; umidades muito baixas (abaixo de 13-14%) favorecem a quebra e a degrana, enquanto umidades excessivas (muito acima de 15%) causam amassamento e danos latentes.

  • Dependência do Estádio Fenológico: A ocorrência de perdas está intrinsecamente ligada ao estádio R9 (maturidade fisiológica), momento em que as vagens mudam de cor (para tom de palha) e o grão atinge seu peso máximo seco.

  • Variação por Sistema de Colheita: Na colheita mecanizada direta, as perdas costumam estar associadas à altura de corte e nivelamento do solo; na indireta (arranquio e recolhimento), as perdas podem ocorrer durante o enleiramento ou pela permanência excessiva das leiras no campo.

  • Desuniformidade de Maturação: A característica natural do feijoeiro de apresentar maturação desigual exige o uso de estratégias como a dessecação para uniformizar a lavoura e reduzir perdas por grãos verdes ou excessivamente secos na mesma operação.

  • Suscetibilidade Climática: A cultura é altamente sensível a chuvas no momento da colheita, o que pode provocar a germinação dos grãos ainda dentro das vagens e aumentar a incidência de doenças, elevando as perdas qualitativas.

Importante Saber

  • Monitoramento do Ponto de Colheita: A identificação visual da mudança de cor das vagens para um tom de palha seca é o indicador prático mais confiável para iniciar o planejamento da colheita, evitando atrasos que aumentam a exposição a pragas de armazenamento.

  • Regulagem de Maquinário: A calibração correta das colhedoras, especialmente a velocidade do molinete e a abertura do côncavo, é essencial para minimizar a quebra de grãos, que é uma das principais fontes de prejuízo financeiro na comercialização.

  • Uso de Dessecantes: A aplicação de dessecantes na pré-colheita é uma ferramenta técnica recomendada para uniformizar o estande de plantas e controlar plantas daninhas, facilitando a operação das máquinas e reduzindo a “bucha” que pode embuchar o sistema de trilha.

  • Preparo do Solo: Para produtores que optam pela colheita mecanizada direta, o nivelamento do solo desde o plantio é crucial para evitar que a plataforma de corte precise trabalhar muito alta (deixando vagens para trás) ou muito baixa (levando terra para dentro da máquina).

  • Riscos da Colheita Tardia: Atrasar a entrada na lavoura após a maturidade fisiológica aumenta exponencialmente o risco de degrana natural e ataque de pragas como o caruncho, depreciando a qualidade do lote.

  • Logística de Operação: Em sistemas de colheita indireta, o tempo entre o arranquio/enleiramento e o recolhimento deve ser o menor possível para evitar que as leiras fiquem expostas a intempéries que comprometam a qualidade do grão.

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