O que é Perdas Na Colheita De Soja

As perdas na colheita de soja referem-se à quantidade de grãos que deixam de ser recolhidos ou são desperdiçados durante o processo de colheita mecanizada, impactando diretamente a rentabilidade do produtor rural. No contexto brasileiro, onde as margens de lucro são frequentemente pressionadas pelos altos custos de produção, minimizar esse desperdício é fundamental para a eficiência econômica da lavoura. Estima-se que, no Brasil, as perdas variem historicamente entre 5% a 10%, podendo atingir níveis críticos de 15% em situações de manejo inadequado ou falta de regulagem precisa do maquinário.

Este fenômeno não se resume apenas ao momento em que a colhedora passa pelo talhão, mas é o resultado de um conjunto de fatores que inclui desde a escolha da cultivar e o plantio até a operação de colheita propriamente dita. O objetivo técnico perseguido por agrônomos e produtores de alta performance é reduzir essas perdas para níveis próximos a 1%, ou o equivalente a no máximo 60 kg por hectare (uma saca). Qualquer valor acima desse patamar representa um prejuízo direto, visto que o investimento para produzir aquele grão já foi realizado integralmente.

A gestão dessas perdas envolve a identificação da origem do problema, que pode ser classificada em perdas pré-colheita (deiscência natural ou fatores climáticos) e perdas na colheita (ação da plataforma de corte, trilha, separação e limpeza). A compreensão detalhada desses mecanismos permite ajustes finos nas máquinas e no planejamento agrícola, transformando grãos que ficariam no solo em produto comercializável, garantindo que o esforço de toda a safra não seja desperdiçado na etapa final.

Principais Características

  • Origem Operacional Predominante: Cerca de 80% a 85% das perdas ocorrem devido a regulagens incorretas ou operação inadequada da colhedora, concentrando-se principalmente na plataforma de corte (molinete e barra de corte).

  • Influência do Manejo Antecipado: Aproximadamente 20% das perdas têm origem em decisões tomadas antes da colheita, como a escolha de cultivares suscetíveis ao acamamento ou população de plantas inadequada.

  • Correlação com a Topografia: Solos mal preparados, com microrrelevo acidentado ou “costelas”, impedem que a plataforma de corte trabalhe na altura ideal, deixando vagens baixas para trás.

  • Impacto da Arquitetura da Planta: Lavouras com plantas de baixo porte (menores que 60 cm) ou com inserção de vagens muito próximas ao solo dificultam o corte eficiente, aumentando o índice de perdas.

  • Variação por Umidade: A colheita realizada com grãos fora da umidade ideal afeta o desempenho; grãos muito secos aumentam a deiscência na plataforma, enquanto grãos úmidos dificultam a trilha e separação.

Importante Saber

  • Monitoramento Constante: É crucial realizar o monitoramento das perdas diariamente e a cada mudança de talhão, utilizando o método do copo medidor ou armações de área conhecida para quantificar os grãos no chão.

  • Velocidade de Avanço: A velocidade da colhedora deve ser compatível com a produtividade da lavoura e a capacidade de processamento da máquina; velocidades excessivas são uma das maiores causas de perdas na plataforma.

  • Sincronia do Molinete: A velocidade do molinete deve ser ligeiramente superior à velocidade de deslocamento da máquina (índice de molinete entre 1,15 e 1,20) para recolher as plantas sem debulhar as vagens antes do corte.

  • Manutenção das Facas: Navalhas cegas ou com folgas excessivas nos dedos da barra de corte “mastigam” a haste da soja em vez de cortá-la, provocando vibração excessiva e queda de grãos no solo.

  • Tolerância Econômica: O limite aceitável de perdas é de 1 saca por hectare (60 kg/ha); valores superiores indicam necessidade imediata de parada da máquina para regulagem ou revisão do manejo.

  • Prevenção ao Acamamento: O uso de populações de plantas acima do recomendado para a cultivar gera competição por luz, estiolamento e hastes fracas, resultando em acamamento que a máquina muitas vezes não consegue recolher.

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