Armazenamento de Grãos: O Guia Completo Para Evitar Perdas e Lucrar Mais
Armazenamento de grãos: Quais os cuidados para armazenar e quais estratégias adotar para a melhor comercialização de grãos.
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As perdas na pós-colheita referem-se à redução quantitativa e qualitativa da produção agrícola que ocorre desde o momento em que a cultura atinge a maturidade fisiológica e é colhida até a sua chegada ao consumidor final ou à indústria processadora. No contexto do agronegócio brasileiro, este é um dos gargalos mais críticos da cadeia produtiva, impactando diretamente a rentabilidade do produtor e a segurança alimentar. Estima-se que, em média, cerca de 15% da produção de grãos no Brasil seja perdida devido a falhas nesta etapa, podendo atingir índices superiores a 40% em casos de armazenamento inadequado.
Essas perdas não se limitam apenas ao desaparecimento físico do produto (quebra de peso), mas envolvem principalmente a depreciação da qualidade. Fatores como umidade excessiva, ataque de pragas, desenvolvimento de fungos e danos mecânicos durante o transporte e manuseio comprometem o valor comercial da commodity. A infraestrutura de armazenagem, muitas vezes deficitária em relação ao volume total produzido nas safras recordes, obriga o produtor a expedir os grãos rapidamente ou armazená-los em condições precárias, acelerando os processos de deterioração.
Portanto, o gerenciamento das perdas na pós-colheita é uma estratégia agronômica e econômica fundamental. Envolve um conjunto de práticas que vão desde a regulagem correta das colhedoras, passando pela logística de transporte eficiente, processos de pré-limpeza e secagem rigorosos, até o monitoramento constante das condições de temperatura e aeração dentro dos silos e armazéns. O objetivo é manter a integridade biológica e física dos grãos, permitindo que o produtor comercialize sua safra em momentos de mercado mais favoráveis sem sofrer descontos excessivos na classificação.
Natureza Cumulativa: As perdas podem ocorrer em múltiplas etapas — na colheita (regulagem de máquinas), no transporte (derramamento e vibração), na secagem (trincas por choque térmico) e no armazenamento (pragas e umidade), somando-se ao final do processo.
Danos Qualitativos: Além da perda de volume, ocorre a perda de valor nutricional e comercial devido à fermentação, ardimento, presença de micotoxinas e aumento da acidez, tornando o grão impróprio para determinados mercados.
Influência da Umidade: O teor de água nos grãos é o fator abiótico mais determinante; grãos armazenados com umidade acima da recomendada (geralmente 13% ou 14%) desencadeiam aquecimento da massa e proliferação fúngica.
Ação de Agentes Biológicos: A presença de insetos-praga (como carunchos e traças), roedores e fungos é uma característica marcante de sistemas de pós-colheita mal manejados, consumindo a matéria seca e contaminando o lote.
Irreversibilidade: Diferente de algumas pragas de campo que podem ser controladas permitindo a recuperação da planta, o dano no grão colhido é irreversível; uma vez deteriorada a qualidade, não é possível recuperá-la, apenas estancar o processo.
Higienização Prévia é Obrigatória: Antes de receber a nova safra, é crucial realizar a limpeza completa e desinfecção das unidades de armazenamento (silos, moegas e equipamentos) para eliminar inóculos de fungos e ovos de pragas remanescentes da safra anterior.
Monitoramento da Temperatura (Termometria): O acompanhamento da temperatura interna da massa de grãos é essencial para identificar “bolsões de calor”, que indicam atividade biológica intensa (insetos ou fungos) e requerem aeração imediata.
Planejamento da Colheita: O escalonamento da semeadura e da colheita ajuda a evitar a sobrecarga do sistema de recepção e secagem, impedindo que os grãos fiquem esperando nos caminhões sob condições adversas, o que inicia o processo de deterioração.
Controle de Pragas: O Manejo Integrado de Pragas (MIP) deve continuar no armazém, com o uso correto de expurgo e tratamentos preventivos, pois infestações podem destruir toneladas de produto em poucas semanas.
Impacto na Classificação: No momento da venda, as perdas na pós-colheita se traduzem em descontos na tabela de classificação (por avariados, ardidos, mofados ou impurezas), reduzindo diretamente a margem de lucro líquida da fazenda.
Déficit de Armazenagem: O produtor deve estar ciente da capacidade estática de sua região; a falta de armazéns pode forçar vendas imediatas a preços baixos ou armazenamento improvisado (silo bolsa), que exige monitoramento ainda mais rigoroso.
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