Guia Completo de Inseticidas para Grãos: Tipos, Ação e Manejo Correto
Tipos de inseticidas para lavouras de grãos: Saiba os defensivos químicos certos para combater as pragas da sua lavoura de grãos eficientemente.
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Os piretroides constituem uma das classes de inseticidas mais tradicionais e amplamente utilizadas na agricultura brasileira. Trata-se de compostos sintéticos desenvolvidos para mimetizar a estrutura química e a ação das piretrinas naturais, substâncias extraídas das flores do crisântemo. A grande evolução tecnológica desta classe foi a conquista da fotoestabilidade, permitindo que as moléculas sintéticas resistam à degradação pela luz solar e permaneçam ativas no campo por tempo suficiente para controlar as pragas, diferentemente de seus precursores naturais.
No contexto agronômico, estes produtos atuam como moduladores dos canais de sódio no sistema nervoso dos insetos. O mecanismo é neurotóxico: ao entrar em contato com a praga ou serem ingeridos, provocam uma hiperexcitação nervosa que leva a tremores, paralisia imediata e morte. Devido a essa característica, são ferramentas essenciais para situações que exigem uma resposta rápida (“apagar o incêndio”) para baixar drasticamente a população de insetos, sendo fundamentais no manejo de lagartas, percevejos e diversos coleópteros em culturas de grãos como soja, milho e algodão.
Apesar de serem produtos de custo-benefício atrativo e alta eficácia inicial, seu uso contínuo e isolado ao longo das décadas gerou desafios de seleção de resistência. Atualmente, no Manejo Integrado de Pragas (MIP), os piretroides são frequentemente posicionados de forma estratégica, muitas vezes em misturas prontas ou de tanque com outros grupos químicos (como neonicotinoides) para ampliar o espectro de controle e proteger as tecnologias de sementes, mantendo sua relevância no portfólio de defesa fitossanitária.
Efeito de Choque (Knock-down): A característica mais distinta do grupo é a capacidade de paralisar o inseto quase imediatamente após a aplicação, cessando rapidamente a alimentação e os danos à cultura.
Ação por Contato e Ingestão: Atuam principalmente quando atingem diretamente o inseto ou quando este caminha sobre a superfície tratada. Por serem lipofílicos, aderem facilmente à cutícula cerosa das pragas, facilitando a penetração.
Baixa Sistemicidade: A maioria dos piretroides não transloca significativamente dentro da planta. Eles permanecem na superfície aplicada, o que exige excelente cobertura durante a pulverização.
Amplo Espectro de Controle: São eficazes contra uma vasta gama de ordens de insetos, controlando desde Lepidoptera (lagartas) até Hemiptera (percevejos) e Coleoptera (besouros).
Toxicidade Seletiva: Apresentam altíssima toxicidade para insetos e peixes, mas possuem toxicidade aguda relativamente menor para mamíferos e aves quando comparados a grupos químicos mais antigos, como os organofosforados.
Risco de Resistência: Devido ao uso intensivo, diversas populações de pragas (como a Spodoptera frugiperda e o percevejo-marrom) apresentam resistência a certos ingredientes ativos. É vital rotacionar com inseticidas de mecanismos de ação diferentes, como diamidas ou carbamatos.
Impacto em Inimigos Naturais: A maioria dos piretroides é pouco seletiva, eliminando também insetos benéficos (predadores e parasitoides). O uso excessivo pode causar desequilíbrio ecológico e ressurgência de pragas secundárias, como surtos de ácaros.
Tecnologia de Aplicação: Como o produto age por contato e não circula na planta, o volume de calda e o espectro de gotas devem ser ajustados para atingir o alvo, especialmente se a praga estiver no “baixeiro” (terço inferior) da cultura.
Influência da Temperatura: Alguns piretroides possuem coeficiente de temperatura negativo, funcionando melhor em temperaturas mais amenas. Aplicações nas horas mais quentes do dia podem reduzir a eficácia devido à evaporação e degradação, além de menor atividade do inseto.
Segurança Operacional: Embora menos tóxicos que outras classes para humanos, podem causar irritação cutânea e nas mucosas (parestesia). O uso rigoroso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é indispensável para evitar reações alérgicas e intoxicações.
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