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O que é Plantas De Cobertura

Plantas de cobertura são espécies vegetais cultivadas com o objetivo primordial de proteger, recuperar e melhorar as qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, em vez de serem destinadas à colheita comercial imediata de grãos ou frutos. No contexto do agronegócio brasileiro, elas são a espinha dorsal do Sistema de Plantio Direto (SPD), sendo introduzidas estrategicamente nos períodos de entressafra, em consórcio com culturas comerciais ou em áreas de pousio e renovação. A função básica dessas plantas é evitar que o solo fique exposto à erosão causada pelas chuvas torrenciais e à degradação pela radiação solar intensa, características típicas do clima tropical.

Além da proteção física, essas plantas atuam como “adubos verdes”, promovendo a ciclagem de nutrientes. Elas absorvem minerais das camadas mais profundas do solo, onde as raízes das culturas comerciais muitas vezes não alcançam, e os disponibilizam na superfície após sua decomposição. Essa prática é essencial para a sustentabilidade agrícola, pois aumenta a matéria orgânica, melhora a infiltração de água e cria um ambiente favorável para a microbiota benéfica do solo. O uso correto de plantas de cobertura transforma o solo de um mero suporte físico em um sistema vivo e resiliente, capaz de sustentar altas produtividades de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e outras culturas de interesse econômico.

Principais Características

  • Sistema Radicular Agressivo e Profundo: Muitas espécies, como o nabo forrageiro e a braquiária, possuem raízes vigorosas que atuam como “arados biológicos”, rompendo camadas compactadas do solo e criando macroporos que facilitam a aeração e a infiltração de água.

  • Alta Produção de Biomassa (Palhada): A capacidade de gerar grande volume de massa verde e seca é fundamental para formar uma camada protetora sobre o solo, que reduz a evaporação da água, amortece o impacto das gotas de chuva e suprime a germinação de plantas daninhas por sombreamento.

  • Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN): Espécies da família das leguminosas (como crotalárias, mucunas e feijão-guandu) realizam simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, capturando nitrogênio atmosférico e incorporando-o ao solo, o que reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos na cultura sucessora.

  • Reciclagem de Nutrientes: Plantas de cobertura têm a habilidade de absorver nutrientes lixiviados para camadas profundas e trazê-los de volta à superfície, deixando-os disponíveis na palhada mineralizada para a próxima safra.

  • Supressão de Pragas e Doenças: Algumas espécies possuem compostos alelopáticos ou atuam como plantas armadilha e não-hospedeiras, sendo essenciais no manejo cultural para a redução populacional de nematoides fitoparasitas e insetos-praga.

Importante Saber

  • Planejamento da Relação C/N: A escolha entre gramíneas (alta relação Carbono/Nitrogênio, decomposição lenta) e leguminosas (baixa relação C/N, decomposição rápida) deve ser baseada no objetivo: se a meta é proteção duradoura do solo, gramíneas são ideais; se é fornecimento rápido de nutrientes, leguminosas são preferíveis.

  • Cuidado com a “Ponte Verde”: É crucial manejar corretamente a dessecação das plantas de cobertura para evitar que elas sirvam de abrigo e alimento para pragas (como percevejos e lagartas) que migrarão para a cultura comercial recém-plantada. O intervalo de dessecação pré-plantio deve ser respeitado rigorosamente.

  • Manejo de Nematoides: A identificação correta das espécies de nematoides presentes na área é vital, pois uma planta de cobertura pode reduzir uma espécie de nematoide (ex: Crotalaria spectabilis contra Meloidogyne) mas multiplicar outra, agravando o problema se escolhida erroneamente.

  • Janela de Plantio e Ciclo: A espécie escolhida deve se adequar à janela climática disponível na entressafra. O uso de variedades fotoperiódicas ou de ciclo curto pode ser necessário para não atrasar o plantio da safra principal.

  • Benefícios dos Mixes de Cobertura: A tendência atual é o uso de “coquetéis” ou mixes de sementes, combinando espécies com diferentes funções (ex: uma para descompactar, uma para fixar nitrogênio e outra para cobrir o solo), maximizando os benefícios ecossistêmicos em um único ciclo.

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