O que é Plantas De Cobertura No Café

As plantas de cobertura no café referem-se à prática agronômica de cultivar espécies vegetais específicas nas entrelinhas dos cafezais, visando a proteção e a melhoria das qualidades físicas, químicas e biológicas do solo. Diferente das plantas daninhas, que competem negativamente com a cultura principal, as plantas de cobertura são introduzidas ou manejadas intencionalmente para prestar serviços ecossistêmicos ao sistema produtivo. No contexto da cafeicultura brasileira, essa técnica substitui o conceito de “solo limpo” pelo de “solo vivo”, sendo fundamental para a sustentabilidade da lavoura a longo prazo, especialmente em regiões de relevo acidentado ou sujeitas a veranicos intensos.

A utilização dessas plantas integra estratégias de Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD). Conforme destacado em materiais técnicos sobre o controle de invasoras como o picão-preto (Bidens pilosa), a cobertura vegetal atua como uma barreira física e, em alguns casos, química (alelopatia), inibindo a germinação e o desenvolvimento de espécies indesejadas. Além do controle de invasoras, essa prática é essencial para a manutenção da umidade do solo, reduzindo a evaporação da água disponível para o cafeeiro, e para a proteção contra processos erosivos causados pelas chuvas tropicais intensas.

Principais Características

  • Supressão de Plantas Daninhas: Uma das características mais valorizadas é a capacidade de inibir o crescimento de invasoras. Espécies como a mucuna-preta e a mucuna-cinza, por exemplo, exercem forte competição por luz e espaço, além de liberarem exsudatos radiculares que dificultam o estabelecimento de plantas como o picão-preto, reduzindo a necessidade de capinas e herbicidas.

  • Formação de Palhada (Mulching): Após o manejo (roçada ou rolagem), essas plantas formam uma camada de material orgânico sobre o solo. Essa palhada atua como um isolante térmico, impedindo o aquecimento excessivo do solo que poderia prejudicar as raízes superficiais do café, além de amortecer o impacto das gotas de chuva, preservando a estrutura do solo.

  • Ciclagem de Nutrientes: As plantas de cobertura têm a capacidade de absorver nutrientes das camadas mais profundas do solo e trazê-los para a superfície. Leguminosas (como crotalárias e feijão-de-porco) são capazes de fixar nitrogênio atmosférico, enriquecendo o sistema, enquanto gramíneas (como a braquiária) são eficientes na reciclagem de potássio e na produção de biomassa com alta relação C/N, que decompõe mais lentamente.

  • Melhoria da Estrutura do Solo: O sistema radicular agressivo de muitas plantas de cobertura ajuda a descompactar o solo, criando macroporos que facilitam a infiltração de água e a aeração. Isso é vital para o desenvolvimento saudável das raízes do cafeeiro e para a recarga dos lençóis freáticos.

Importante Saber

  • Cuidado com a Competição Hídrica: Embora benéficas, as plantas de cobertura também consomem água. É crucial realizar o manejo (corte ou dessecação) no momento correto, geralmente no final do período chuvoso, para que a cobertura morta proteja a umidade do solo durante a seca, sem que a planta viva compita com o café em momentos de déficit hídrico.

  • Hospedabilidade de Pragas e Doenças: A escolha da espécie deve ser criteriosa. Algumas plantas de cobertura podem multiplicar nematoides nocivos ao cafeeiro (como Meloidogyne spp.). É fundamental selecionar espécies ou cultivares que sejam antagonistas ou não-hospedeiras desses patógenos para evitar a contaminação da lavoura.

  • Interferência na Colheita: O manejo das entrelinhas deve ser planejado para não atrapalhar as operações de colheita, seja manual ou mecanizada. O excesso de massa verde ou cipós entre as linhas durante a colheita pode dificultar o trânsito de máquinas e a “varrição” do café de chão, exigindo um manejo prévio adequado.

  • Redução de Custos com Herbicidas: A implementação correta de plantas de cobertura pode reduzir drasticamente o banco de sementes de plantas daninhas resistentes, como o picão-preto resistente ao glifosato. Isso diminui a dependência de controle químico, reduzindo custos operacionais e riscos de fitotoxicidade ao cafeeiro causados pela deriva de herbicidas.

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