Podridão de Carvão na Soja: Identificação e Manejo da Macrophomina
Macrophomina em soja: saiba o que é, quais os sintomas, como a doença se desenvolve e como realizar o manejo
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A Podridão de Carvão é uma doença fúngica severa causada pelo patógeno habitante do solo Macrophomina phaseolina. No contexto do agronegócio brasileiro, ela assume grande relevância econômica por ser polífaga, ou seja, capaz de infectar uma ampla gama de culturas de interesse comercial, incluindo soja, milho, feijão, algodão, sorgo e girassol. A doença recebe este nome popular devido à aparência característica que confere aos tecidos infectados, assemelhando-se a um pó fino de carvão ou cinza, resultado da massiva produção de microescleródios, que são as estruturas de resistência e sobrevivência do fungo.
Sua ocorrência e severidade estão intimamente ligadas a condições de estresse fisiológico da planta, principalmente o estresse hídrico associado a altas temperaturas do solo. Por isso, é uma enfermidade frequentemente observada em safras com ocorrência de “veranicos”, em regiões de clima quente ou em áreas com solos arenosos e compactados, onde a retenção de água é menor e o desenvolvimento radicular é limitado. O fungo coloniza o sistema vascular e as raízes, obstruindo o transporte de água e nutrientes, o que leva à morte prematura da planta e, consequentemente, à redução drástica da produtividade e da qualidade dos grãos produzidos.
O manejo desta doença é considerado complexo, uma vez que o fungo possui alta capacidade de sobrevivência no solo e em restos culturais através de seus microescleródios, que podem permanecer viáveis por longos períodos. Além disso, como o patógeno ataca a maioria das culturas utilizadas nos sistemas de sucessão brasileiros (como a dobradinha soja-milho), a rotação de culturas tradicional muitas vezes não é suficiente para reduzir drasticamente o inóculo, exigindo uma abordagem sistêmica focada na qualidade física do solo (descompactação) e na manutenção da sanidade vegetal para mitigar estresses ambientais.
Sinais visuais (Microescleródios): A característica mais marcante é a presença de minúsculas partículas pretas sob a epiderme do caule e nas raízes, conferindo um aspecto empoeirado ou acinzentado à planta.
Escurecimento vascular: Ao realizar um corte longitudinal na raiz principal ou na base da haste, observa-se uma coloração cinza ou negra nos tecidos internos e lenhosos.
Padrão de ocorrência: No campo, a doença geralmente se manifesta em reboleiras (manchas circulares) ou ao longo de fileiras de plantio, raramente de forma homogênea em toda a área.
Amplo espectro de hospedeiros: O fungo Macrophomina phaseolina não é específico, atacando diversas culturas graníferas, fibras e também uma vasta gama de plantas daninhas que servem de ponte verde.
Preferência climática: O desenvolvimento do patógeno é otimizado em condições de altas temperaturas (solo entre 28 °C e 35 °C) e baixa umidade.
Infecção latente: A infecção geralmente ocorre nas primeiras semanas após a emergência da cultura, mas os sintomas visíveis costumam aparecer apenas na fase reprodutiva (floração e enchimento de grãos), quando a demanda hídrica da planta é maior.
Diagnóstico de campo: Para identificar corretamente, recomenda-se raspar a casca do caule próximo ao solo; a visualização dos pontos pretos (microescleródios) confirma a doença e a diferencia de outras podridões ou senescência natural.
Confusão de sintomas: Os sintomas reflexos na parte aérea, como clorose, murcha e folhas secas que permanecem presas à haste, podem ser confundidos com maturação precoce, ataque de nematoides ou estresse por seca isolado.
Fator solo: A compactação do solo é um agravante crítico, pois impede o aprofundamento das raízes em busca de água, tornando a planta mais suscetível ao ataque do fungo em períodos de estiagem.
Limitações do controle químico: Não existem fungicidas curativos eficientes para aplicação foliar após o estabelecimento da doença na planta adulta; o tratamento de sementes ajuda na proteção inicial, mas o manejo cultural é a principal estratégia.
Disseminação: Sementes infectadas e o trânsito de máquinas com solo contaminado são vetores importantes de disseminação do patógeno para áreas isentas.
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