Podridão Parda da Haste: Identificação e Manejo na Soja
Podridão parda da haste da soja: entenda o impacto da doença, as condições favoráveis para sua ocorrência e como controlá-la efetivamente
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A Podridão Parda da Haste é uma doença fúngica de grande importância econômica para a cultura da soja, causada pelo patógeno Cadophora gregata (anteriormente classificado como Phialophora gregata). No contexto do agronegócio brasileiro, esta enfermidade merece atenção especial, principalmente nas regiões Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), onde as condições climáticas de temperaturas amenas e alta umidade favorecem a biologia do fungo. A doença ataca o sistema vascular da planta, interferindo no transporte de água e nutrientes, o que pode resultar em perdas de produtividade que chegam a 25% em lavouras suscetíveis.
Uma característica crítica desta patologia é o seu desenvolvimento “silencioso” nas fases iniciais. A infecção ocorre geralmente nos estádios vegetativos de crescimento da soja, penetrando através das raízes. No entanto, os sintomas visíveis na parte aérea só costumam se manifestar tardiamente, durante os estádios reprodutivos (fase de enchimento de grãos). Isso torna o manejo curativo extremamente difícil, exigindo que o produtor rural foque em estratégias preventivas e no uso de genética resistente para proteger o potencial produtivo da safra.
Além dos danos diretos à planta, o fungo possui mecanismos eficientes de sobrevivência e disseminação. Ele pode persistir nos restos culturais e no solo por longos períodos, inclusive em profundidades de até 30 centímetros, aguardando a próxima safra para reinfectar a lavoura. A disseminação ocorre de diversas formas, incluindo o transporte de esporos pelo vento, água de irrigação, sementes contaminadas e até mesmo pelo trânsito de máquinas e animais dentro da propriedade.
Sintoma interno diagnóstico: A característica mais marcante é o escurecimento da medula (parte interna) da haste e das raízes, que assume uma coloração marrom-escura, visível apenas ao cortar o caule longitudinalmente.
Sintomas foliares (“Folha Carijó”): As folhas apresentam clorose e necrose entre as nervuras, mantendo as nervuras verdes, um sintoma visual muito semelhante ao da Síndrome da Morte Súbita.
Condições climáticas ideais: O patógeno se desenvolve preferencialmente em temperaturas entre 15°C e 27°C, associadas à alta umidade do solo, sendo menos prevalente em regiões de clima tropical muito quente.
Murcha e queda prematura: Em casos severos, as plantas sofrem murcha intensa, semelhante ao estresse hídrico, seguida de queda antecipada de folhas e vagens.
Persistência no ambiente: O fungo Cadophora gregata sobrevive saprofiticamente em restos de cultura (hastes, raízes e vagens) e no solo, servindo de inóculo para safras subsequentes.
Diferenciação no campo: É fundamental não confundir a Podridão Parda com o Cancro da Haste ou a Podridão Vermelha da Raiz. A distinção é feita pelo corte da haste: na Podridão Parda, o escurecimento é interno na medula, enquanto outras doenças costumam apresentar lesões externas ou colorações avermelhadas.
Impacto no ciclo da cultura: A doença tende a acelerar a maturação das plantas, forçando um ciclo mais curto que prejudica o enchimento completo dos grãos, resultando em menor peso e qualidade do produto final.
Momento de monitoramento: As inspeções devem ser intensificadas a partir do estádio R5 (início do enchimento de grãos), que é quando os sintomas foliares e a necrose interna se tornam mais evidentes.
Estratégia de controle: O uso de cultivares resistentes é a principal e mais eficiente medida de controle. A rotação de culturas com espécies não hospedeiras (como milho e outras gramíneas) é essencial para reduzir a carga do patógeno no solo.
Riscos de disseminação: A movimentação de solo e restos vegetais entre talhões deve ser evitada, pois o fungo pode ser levado de áreas contaminadas para áreas isentas através de maquinário sujo ou sementes infectadas.
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