Tudo sobre Pós Colheita

O que é Pós Colheita

A Pós Colheita engloba o conjunto de processos, tecnologias e manejos aplicados aos produtos agrícolas imediatamente após a sua retirada do campo, estendendo-se até o momento da comercialização, processamento industrial ou consumo final. No contexto do agronegócio brasileiro, esta etapa é considerada estratégica para a rentabilidade do produtor, pois envolve operações críticas como a recepção, amostragem, pré-limpeza, secagem, classificação e o armazenamento propriamente dito. O objetivo central desta fase não é melhorar a qualidade do grão — uma vez que os atributos qualitativos são definidos durante o desenvolvimento da lavoura —, mas sim preservar integralmente suas características físicas, químicas e sanitárias, minimizando perdas quantitativas e qualitativas.

Gerenciar eficientemente a pós-colheita permite ao agricultor ter maior controle sobre o planejamento estratégico da safra, oferecendo a possibilidade de reter o produto para comercializá-lo em momentos de preços mais atrativos, em vez de vender imediatamente na colheita sob pressão logística. Além disso, o manejo adequado nesta fase, seguindo normativas técnicas e legais, assegura que o produto atenda aos padrões de classificação exigidos pelo mercado, garantindo a segurança alimentar e evitando descontos comerciais severos por avarias, impurezas ou excesso de umidade.

Principais Características

Preservação da Qualidade: Foco total na manutenção das características sensoriais (cor, cheiro), peso e integridade dos grãos, impedindo a deterioração causada por respiração excessiva, fungos ou pragas.
Fluxo Operacional Sequencial: Envolve uma cadeia de etapas interligadas que geralmente segue a ordem: recepção, amostragem, pré-limpeza, secagem (redução de umidade), limpeza fina e armazenamento.
Infraestrutura Especializada: Depende de estruturas físicas específicas como moegas, secadores (fogo direto ou indireto), sistemas de transporte (elevadores) e unidades armazenadoras (silos pulmão, silos de expedição e armazéns graneleiros).
Controle Ambiental: Exige o monitoramento rigoroso de fatores abióticos, principalmente a temperatura e a umidade relativa do ar, utilizando sistemas de termometria e aeração para manter a massa de grãos estável.
Homogeneização de Lotes: Utiliza processos para uniformizar o teor de água e as características físicas dos grãos, garantindo que o lote armazenado tenha condições equilibradas para evitar focos de calor e deterioração.

Importante Saber

A qualidade dos grãos é irreversível na pós-colheita; as tecnologias de secagem e armazenamento apenas conservam o que foi colhido, sendo impossível recuperar atributos perdidos por manejo inadequado no campo.
A amostragem correta é o pilar da tomada de decisão, devendo ser realizada em diferentes pontos e profundidades do lote (não apenas na superfície ou bordas) para garantir representatividade real sobre umidade e impurezas.
O binômio temperatura e umidade define a segurança do armazenamento; existe uma regra prática onde a soma da Umidade Relativa do Ar (%) + Temperatura (°C) deve ser idealmente menor que 55,5 para evitar perdas.
A higiene das instalações é mandatória; a limpeza e desinfecção de silos e equipamentos antes da recepção da nova safra são essenciais para eliminar inóculos de fungos e insetos-praga remanescentes.
A conformidade com a legislação, como a Lei nº 9.973 e a Instrução Normativa nº 29/2011, é necessária para a certificação das unidades, sendo um requisito para quem presta serviços a terceiros ou busca financiamento público.
Falhas no processo de secagem, como o uso de temperaturas excessivas ou resfriamento inadequado, podem causar trincas e quebras nos grãos, facilitando o ataque de pragas e reduzindo o valor comercial do produto.