O que é Pragas De Grãos Armazenados

Pragas de grãos armazenados referem-se ao complexo de organismos, majoritariamente insetos (como coleópteros e traças), ácaros e roedores, que infestam e danificam produtos agrícolas após a fase de colheita. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o armazenamento é uma etapa estratégica para a comercialização e segurança alimentar, essas pragas representam um dos maiores desafios sanitários e econômicos. Elas podem atacar desde estruturas modernas, como silos graneleiros com termometria e aeração, até sistemas mais simples, como sacarias e paióis, comprometendo culturas vitais como milho, soja, trigo e arroz.

A atuação dessas pragas é classificada de acordo com o seu potencial de penetração no grão. Existem as pragas primárias, capazes de romper o tegumento (casca) de grãos sadios e inteiros, e as pragas secundárias, que se aproveitam de grãos já danificados, quebrados ou trincados para se alimentar e reproduzir. A presença desses organismos não resulta apenas na perda de peso da massa de grãos (perda quantitativa), mas também na depreciação da qualidade (perda qualitativa), afetando o valor nutricional, a capacidade de germinação das sementes e a segurança para consumo humano e animal devido à contaminação por fragmentos de insetos e excrementos.

Dados de instituições como a Embrapa indicam que falhas no manejo pós-colheita podem comprometer parcelas significativas da produção nacional, chegando a índices alarmantes de perda se não houver controle efetivo. O desenvolvimento dessas pragas é favorecido pelo clima tropical do Brasil, onde condições de calor e umidade aceleram o ciclo reprodutivo dos insetos. Portanto, o controle não se resume a uma ação pontual, mas exige a adoção do Manejo Integrado de Pragas de Grãos e Sementes Armazenadas (MIPGRÃOS), visando a preservação do patrimônio do produtor rural.

Principais Características

  • Classificação Funcional: Dividem-se em pragas primárias (ex: gorgulhos e carunchos como o Sitophilus zeamais), que perfuram grãos inteiros, e secundárias (ex: besouro-castanho ou Tribolium castaneum), que atacam grãos já avariados ou produtos moídos.

  • Alto Potencial Reprodutivo: As fêmeas são extremamente prolíficas, podendo realizar a oviposição de centenas de ovos (em média 500) durante seu ciclo de vida, o que gera infestações explosivas em curto período.

  • Ciclo Biológico Acelerado: Em condições ideais de temperatura e umidade (comuns em armazéns brasileiros), o ciclo de ovo a adulto pode se completar em cerca de 20 a 30 dias, dificultando o controle se o monitoramento não for constante.

  • Pequenas Dimensões e Cripticismo: A maioria dessas pragas possui tamanho reduzido (2 a 4 mm) e corpo achatado, permitindo que se escondam em frestas, pisos, equipamentos e no meio da massa de grãos, dificultando a detecção visual inicial.

  • Danos ao Embrião: Muitas espécies, especialmente as secundárias, têm preferência por atacar o embrião do grão, o que anula o poder germinativo e inviabiliza o lote para uso como semente.

Importante Saber

  • Higienização é a Base da Prevenção: A limpeza rigorosa da unidade armazenadora (silos, moegas, elevadores) antes do recebimento da nova safra é crucial para eliminar focos residuais de infestação de anos anteriores.

  • Controle Rigoroso da Umidade: O armazenamento seguro, especialmente para o milho, requer umidade máxima em torno de 13%; níveis superiores favorecem a proliferação de insetos e o desenvolvimento de fungos e micotoxinas.

  • Monitoramento Constante: Não se deve esperar o dano ser visível para agir; o uso de armadilhas e a amostragem periódica da massa de grãos são fundamentais para detectar a presença de pragas no início da infestação.

  • Identificação Correta da Espécie: Saber diferenciar se a infestação é de pragas primárias ou secundárias define a estratégia de controle, pois pragas secundárias indicam problemas físicos nos grãos (quebras) ou ataque prévio de outras pragas.

  • Impacto na Termometria: A atividade intensa de insetos na massa de grãos gera “bolsões de calor” devido à respiração dos organismos, o que pode ser detectado pelos sistemas de termometria dos silos e indica necessidade imediata de intervenção.

  • Manejo Integrado (MIP): O controle químico (expurgo/fumigação) não deve ser a única ferramenta; ele deve ser combinado com limpeza, controle de temperatura (aeração), reparos estruturais e segregação de lotes infestados.

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