Artigos sobre Pragas de Solo

O que é Pragas De Solo

Pragas de solo englobam um complexo grupo de organismos que habitam o perfil do solo e causam danos diretos ao sistema radicular, sementes, tubérculos e base do caule das plantas cultivadas. No contexto do agronegócio brasileiro, estas pragas representam um dos maiores desafios fitossanitários, pois atuam de forma “silenciosa” e oculta, muitas vezes sendo detectadas apenas quando a cultura já apresenta sintomas severos de deficiência nutricional, murcha ou morte. Este grupo inclui desde microrganismos invisíveis a olho nu, como os nematoides, até insetos em fases larvais ou adultas, como corós, larva-arame e o percevejo-castanho-da-raiz.

A atuação desses organismos compromete a capacidade da planta de absorver água e nutrientes, resultando em perdas significativas de produtividade e, em casos extremos, na necessidade de replantio total da área. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nematologia, apenas os nematoides causam prejuízos anuais na casa dos bilhões de reais para culturas como soja e cana-de-açúcar. A severidade do ataque costuma ser influenciada por fatores como o histórico da área, o sistema de cultivo (como o plantio direto, que pode favorecer a sobrevivência de certas pragas na palhada) e as condições climáticas, sendo que muitas dessas pragas possuem ciclos sincronizados com o período chuvoso e de semeadura.

Principais Características

• Ataque ao Sistema Radicular e Sementes: A característica central é o dano às estruturas subterrâneas. Enquanto nematoides podem formar galhas, cistos ou lesões nas raízes, insetos mastigadores como corós e larvas-arame destroem sementes em germinação e raízes, reduzindo a sustentação e nutrição da planta.

• Ocorrência em Reboleiras: Diferente de pragas da parte aérea que podem se dispersar pelo vento, as pragas de solo tendem a se concentrar em manchas ou focos específicos na lavoura, conhecidos como reboleiras, onde as plantas apresentam desenvolvimento desigual.

• Sintomas Reflexos na Parte Aérea: Como o dano ocorre abaixo da superfície, os sintomas visíveis na planta (amarelecimento, raquitismo, murcha nas horas mais quentes do dia) são frequentemente confundidos com estresse hídrico ou deficiências nutricionais.

• Polifagia: Muitas dessas pragas, como o coró e a larva-arame, são polífagas, ou seja, alimentam-se de diversas culturas de importância econômica (soja, milho, trigo, pastagens), o que dificulta o controle apenas com rotação de culturas simples.

• Ciclo de Vida Longo e Resistência: Algumas espécies possuem fases larvais que duram meses (como certos corós) ou formam estruturas de resistência (como os cistos de nematoides) que permitem sua sobrevivência no solo por anos, mesmo sem a planta hospedeira.

Importante Saber

• Monitoramento Prévio é Essencial: O controle curativo é extremamente difícil após a cultura estar estabelecida. Portanto, a análise de solo (para nematoides) e a abertura de trincheiras para contagem de larvas (para corós e larva-arame) antes do plantio são práticas decisivas para a tomada de decisão.

• Histórico da Área: Conhecer o que foi plantado anteriormente e quais problemas ocorreram é fundamental. Áreas de pastagem convertidas para lavoura, por exemplo, frequentemente apresentam alta incidência de corós e larvas-arame.

• Tratamento de Sementes (TS): É uma das ferramentas mais eficientes para proteger a plântula na fase inicial de desenvolvimento, garantindo o estande da lavoura contra ataques de pragas mastigadoras e sugadoras logo após a germinação.

• Manejo Integrado de Pragas (MIP): O controle químico isolado muitas vezes é insuficiente ou economicamente inviável. O uso de controle biológico (fungos e bactérias entomopatogênicos), rotação com plantas não hospedeiras e manejo físico do solo devem ser combinados.

• Identificação Correta: É crucial diferenciar o agente causador. Por exemplo, o percevejo-castanho causa danos que podem ser confundidos com deficiência hídrica severa, enquanto nematoides das galhas causam deformações específicas nas raízes. O diagnóstico errado leva a gastos desnecessários com fertilizantes ou fungicidas que não resolverão o problema.