O que é Preço Da Cana De Açúcar

O preço da cana-de-açúcar no Brasil não é um valor fixo ou tabelado arbitrariamente, mas sim o resultado de um sistema complexo de precificação que visa remunerar o produtor rural com base na qualidade da matéria-prima entregue e no valor de mercado dos produtos finais derivados dela. A principal referência para essa formação de preço é o modelo Consecana (Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol), criado no final da década de 90 para estabelecer um equilíbrio justo entre fornecedores independentes e as unidades industriais (usinas) em um ambiente de livre mercado.

Neste sistema, a remuneração do produtor está diretamente atrelada à eficiência industrial e ao desempenho comercial da usina. O conceito central é a participação do fornecedor na receita líquida obtida com a venda de açúcar e etanol. Historicamente, essa divisão estabelece que cerca de 60% da receita gerada fica com o fornecedor da cana, enquanto 40% destina-se à indústria para cobrir custos de processamento e margem de lucro.

Para o agronegócio brasileiro, compreender a dinâmica do preço da cana é vital, visto que o país é líder mundial no setor, respondendo por uma fatia significativa da produção e exportação global. A rentabilidade da lavoura não depende apenas da quantidade de toneladas colhidas por hectare, mas fundamentalmente da concentração de sacarose na planta, o que torna o manejo agronômico focado em qualidade tão importante quanto o focado em volume.

Principais Características

  • Baseado no ATR: O principal indicador de valor é o Açúcar Total Recuperável (ATR), que representa a quantidade real de açúcar que a indústria consegue extrair da cana, descontando-se as perdas do processo.

  • Fórmula de Cálculo: O preço final da tonelada é obtido pela multiplicação da qualidade da matéria-prima (kg de ATR por tonelada) pelo valor do ATR (R por kg), definido mensalmente pelo Consecana.

  • Mix de Produtos: O valor do ATR é uma média ponderada dos preços de venda de nove produtos finais, incluindo diferentes tipos de açúcar (mercado interno e externo) e etanol (anidro e hidratado).

  • Dedução de Perdas: Para transformar o Açúcar Redutor Total (ART) — todo o açúcar presente na planta — em ATR, aplica-se um desconto padrão de aproximadamente 8,5% referente às perdas industriais inerentes ao processamento.

  • Influência de Mercados Distintos: A precificação sofre influência direta de três mercados: o de energia (regulado pela Aneel), o de combustíveis (regulado pela ANP e atrelado ao petróleo) e o de açúcar (mercado livre internacional).

Importante Saber

  • Monitoramento da Qualidade: O produtor deve acompanhar rigorosamente as análises laboratoriais feitas na entrega da carga na usina, pois é a medição do ART na amostra que definirá o pagamento final.

  • Volatilidade de Mercado: Como o preço do ATR depende das vendas da usina, fatores macroeconômicos como a cotação do dólar e o preço internacional do petróleo impactam diretamente a receita do produtor.

  • Planejamento de Colheita: O teor de açúcar na cana varia conforme o estágio de maturação e a época da colheita; entregar a cana no pico de maturação maximiza o kg de ATR por tonelada.

  • Diferença entre ART e ATR: É crucial não confundir os termos. O ART é o potencial total da planta, enquanto o ATR é o que efetivamente vira produto e dinheiro no bolso do produtor após os descontos técnicos.

  • Regionalização: Embora o modelo Consecana-SP seja a maior referência, existem variações regionais e estaduais; o produtor deve estar ciente das regras específicas do conselho que rege sua região de atuação.

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