O que é Preço Do Feijão

O preço do feijão é o valor de mercado atribuído à saca de 60 quilogramas do grão, servindo como o principal indicador econômico para a rentabilidade da cultura no Brasil. Diferente de commodities como soja e milho, que possuem cotações internacionais padronizadas em bolsas de valores globais, a precificação do feijão é formada majoritariamente pelo mercado interno, refletindo de forma imediata a dinâmica de oferta e demanda regional. Devido à característica perecível do grão, que dificulta o armazenamento por longos períodos sem perda de qualidade (especialmente o escurecimento do feijão carioca), o mercado apresenta alta volatilidade.

No contexto brasileiro, a formação desse preço é complexa pois o país possui três safras distintas ao longo do ano: a safra das águas (1ª safra), a safra da seca (2ª safra) e a safra de inverno (3ª safra). Cada um desses ciclos produtivos entra no mercado em momentos diferentes, influenciando as cotações. Quando há quebra de safra em uma região produtora importante, como o Paraná ou Minas Gerais, os preços tendem a subir rapidamente. Inversamente, a sobreposição de colheitas ou o excesso de oferta pressionam os valores para baixo, exigindo do produtor rural um planejamento comercial estratégico.

Principais Características

  • Sazonalidade e Ciclos de Safra: A cotação varia drasticamente conforme o calendário agrícola. O abastecimento é contínuo devido às três safras anuais, mas janelas de “entressafra” (períodos entre o fim de uma colheita e o início da outra) geralmente apresentam picos de preços devido à escassez momentânea do produto novo no mercado.

  • Regionalização das Cotações: O preço não é uniforme em todo o território nacional. Existem variações significativas dependendo da praça de comercialização (ex: Bolsinha de São Paulo, corretores no Paraná ou Goiás) e da variedade do grão, sendo o Feijão Carioca e o Feijão Preto os mais negociados, com valores distintos.

  • Sensibilidade Climática: O mercado reage quase instantaneamente a eventos climáticos. Fenômenos como El Niño ou La Niña, que provocam secas ou excesso de chuvas nas fases críticas de plantio e colheita, alteram as expectativas de produtividade e, consequentemente, elevam a especulação e o preço final.

  • Referência de Qualidade: O valor pago ao produtor está diretamente atrelado à classificação do grão. Aspectos como peneira (tamanho), cor (fundo claro para o carioca), integridade e umidade definem ágios ou deságios sobre o preço base de referência.

  • Influência da Área Plantada: A decisão de plantio é frequentemente baseada nos preços da safra anterior. Anos de preços baixos costumam desestimular o aumento da área cultivada no ciclo seguinte, gerando uma redução de oferta que, ciclicamente, volta a elevar as cotações.

Importante Saber

  • Monitoramento da Entressafra: Produtores devem estar atentos aos meses de janeiro e fevereiro, frequentemente marcados como períodos de entressafra, onde a oferta se limita aos estoques remanescentes da terceira safra e ao início da colheita da primeira safra, sustentando preços mais firmes.

  • Custo de Produção vs. Venda: A análise do preço de venda deve ser sempre comparada ao Custo Operacional Total (COT). Variações cambiais afetam o custo dos insumos (fertilizantes e defensivos), e um preço de saca aparentemente alto pode não significar lucro real se os custos de produção tiverem subido na mesma proporção.

  • Dinâmica do Feijão Carioca vs. Preto: O feijão carioca tem consumo concentrado no mercado interno e pouca liquidez para exportação, tornando seu preço mais volátil. Já o feijão preto, embora também focado no mercado interno, sofre influência de importações (principalmente da Argentina), o que pode atuar como um teto para os preços nacionais.

  • Mercado “Spot”: A maior parte da comercialização do feijão ocorre no mercado “spot” (à vista/disponível). Diferente de outras culturas com forte mercado futuro, o feijão exige que o produtor acompanhe cotações diárias, como as praticadas na região do Brás (SP), para identificar janelas de oportunidade de venda.

  • Impacto da Qualidade no Armazenamento: Reter o produto à espera de preços melhores é uma estratégia comum, mas arriscada para o feijão carioca, que perde valor comercial à medida que a cor do grão escurece (oxidação). O preço de um feijão “novo” é sempre superior ao de um feijão envelhecido.

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