Geada no Café: Como Proteger sua Lavoura e Evitar Perdas
Geada no café: como ocorre, como identificar os tipos, como pode afetar suas plantas e quais as melhores medidas preventivas
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A proteção contra geada engloba um conjunto de estratégias de planejamento e técnicas de manejo agronômico destinadas a mitigar ou evitar os danos causados pelo resfriamento intenso e congelamento dos tecidos vegetais em culturas agrícolas. No contexto do agronegócio brasileiro, este tema é de vital importância para a sustentabilidade econômica de produtores nas regiões Sul, Sudeste e partes do Centro-Oeste, onde a incursão de massas de ar polar durante o outono e inverno representa um risco severo. Culturas perenes como o café e a laranja, bem como culturas de inverno como o trigo e o milho safrinha, são particularmente suscetíveis a esse fenômeno, que pode comprometer desde a qualidade da produção até a sobrevivência total da lavoura.
O conceito de proteção divide-se fundamentalmente em métodos passivos (preventivos) e ativos (combate direto). A proteção passiva inicia-se antes mesmo do plantio, envolvendo a escolha correta da área, o estudo do relevo e a seleção de variedades mais tolerantes ao frio. Já a proteção ativa envolve intervenções realizadas na iminência ou durante a ocorrência do evento climático, como o uso de irrigação por aspersão, nebulização ou aquecimento artificial, visando impedir que a temperatura dos tecidos da planta desça a níveis letais. A eficácia da proteção depende diretamente do entendimento do tipo de geada (branca ou negra) e da fisiologia da cultura implantada.
Tipologia do Fenômeno: A geada pode se manifestar como “Geada Branca”, caracterizada pela formação visível de gelo sobre as folhas em condições de alta umidade, ou “Geada Negra”, que ocorre em condições de baixa umidade e vento, provocando o congelamento intracelular e a morte dos tecidos sem a formação externa de gelo, sendo esta última muito mais letal.
Localização do Dano na Planta: Em culturas como o café, os danos são classificados conforme a altura atingida. A “Geada de Canela” afeta a base do tronco (comum em plantas jovens) devido ao acúmulo de ar frio próximo ao solo, bloqueando o fluxo de seiva. A “Geada de Capote” atinge a parte superior da copa, queimando folhas e ramos mais altos.
Influência Topográfica: O relevo é determinante na severidade do evento. O ar frio, sendo mais denso, tende a escoar das partes altas e acumular-se nas baixadas e fundos de vale. Portanto, a topografia do terreno define as zonas de maior risco, conhecidas como “bacias de acumulação de ar frio”.
Impacto Fisiológico: O dano ocorre quando a água presente no interior ou entre as células da planta congela. A expansão do gelo rompe as paredes celulares e desorganiza os tecidos, levando à necrose (morte) das partes afetadas, que escurecem e secam posteriormente.
Sazonalidade e Previsibilidade: No Brasil, o risco concentra-se entre os meses de maio e agosto. O monitoramento meteorológico avançado permite prever a chegada de frentes frias, mas a intensidade local pode variar drasticamente conforme o microclima da propriedade.
Planejamento de Plantio: A medida mais eficaz de proteção é evitar o plantio em áreas de baixada ou em faces do terreno menos expostas à radiação solar matinal. O mapeamento climático da propriedade antes da implantação da lavoura é o investimento de melhor retorno na prevenção de perdas.
Manejo da Vegetação: Manter o solo limpo ou com vegetação rasteira controlada nas entrelinhas durante o período de risco facilita a absorção de calor solar durante o dia e sua irradiação para a atmosfera à noite, criando um microclima ligeiramente mais quente que pode salvar a lavoura em geadas leves.
Avaliação de Danos: Após a ocorrência de uma geada, não se deve realizar podas imediatas. É fundamental aguardar a rebrota natural da planta para identificar a real extensão do dano (quais partes morreram e quais sobreviveram) antes de tomar decisões de manejo drásticas, como a recepa ou o arranquio.
Nutrição e Saúde da Planta: Lavouras bem nutridas, especialmente com níveis adequados de Potássio, tendem a apresentar maior resistência ao estresse por frio e melhor capacidade de recuperação pós-evento, embora a nutrição isoladamente não impeça o congelamento em temperaturas extremas.
Proteção de Mudas Jovens: Plantas com até 1,5 ou 2 anos são as mais vulneráveis, especialmente à geada de canela. Nestes casos, o “chegamento de terra” no tronco (enterrar a base provisoriamente) é uma prática comum e eficaz para proteger os tecidos vitais da base da planta.
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