O que é Quanto Tempo Para O Trigo Crescer
O tempo para o trigo crescer, tecnicamente denominado ciclo fenológico da cultura, refere-se ao período compreendido entre a emergência da plântula e a maturação fisiológica dos grãos, momento em que estão prontos para a colheita. No Brasil, devido à vasta diversidade climática e às diferentes tecnologias de sementes, esse intervalo não é fixo, variando geralmente entre 100 e 170 dias. Essa variação depende diretamente da cultivar escolhida (ciclo precoce, médio ou tardio), da região de cultivo (Sul ou Cerrado) e das condições meteorológicas, especialmente temperatura e fotoperíodo.
A compreensão exata de quanto tempo o trigo leva para se desenvolver é fundamental para o planejamento agrícola, pois impacta diretamente o calendário de plantio das culturas sucessoras, como a soja ou o milho. No Rio Grande do Sul e Paraná, onde o inverno é mais rigoroso, o ciclo tende a ser mais longo devido às temperaturas mais baixas que desaceleram o metabolismo da planta. Já na região do Cerrado, onde o cultivo vem se expandindo com uso de irrigação e cultivares adaptadas ao calor, o ciclo pode ser encurtado, exigindo um manejo mais intensivo e preciso.
Além da duração total em dias, o produtor deve atentar-se ao tempo de duração de cada estádio de desenvolvimento (perfilhamento, alongamento, espigamento e enchimento de grãos). O acúmulo de graus-dia (soma térmica) é o fator biológico que dita a velocidade de crescimento. Portanto, em anos mais quentes, a cultura pode antecipar a colheita, enquanto em anos mais frios, o desenvolvimento se prolonga, o que altera a janela de aplicação de defensivos e adubação nitrogenada.
Principais Características
- Classificação dos Ciclos: As cultivares de trigo no Brasil são classificadas em superprecoces (menos de 110 dias), precoces (110 a 130 dias), médias (130 a 150 dias) e tardias (acima de 150 dias), permitindo estratégias diferentes de escalonamento de colheita.
- Influência da Temperatura: O trigo responde à soma térmica; temperaturas mais elevadas aceleram o ciclo, encurtando as fases vegetativas e reprodutivas, enquanto o frio estende o período de desenvolvimento, favorecendo o potencial produtivo em algumas fases.
- Fases Fenológicas Distintas: O crescimento é dividido em fase vegetativa (germinação, emergência e perfilhamento), fase reprodutiva (alongamento, emborrachamento e espigamento) e fase de maturação (enchimento de grãos e maturação fisiológica).
- Variação Regional: No Sul do Brasil, os ciclos são naturalmente mais longos devido ao clima temperado; no Brasil Central (Cerrado), o ciclo é acelerado pelas temperaturas médias mais altas, exigindo cultivares com tolerância ao brusone e ao calor.
- Fotoperíodo: Algumas variedades são sensíveis à duração do dia (fotoperíodo), o que significa que a época de semeadura influencia diretamente a indução do florescimento e, consequentemente, o tempo total da cultura no campo.
Importante Saber
- Planejamento da Janela de Plantio: É crucial consultar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para definir a data de semeadura, visando evitar que a fase de espigamento e floração coincida com períodos de geadas tardias (no Sul) ou chuvas excessivas na colheita.
- Manejo Fitossanitário: O tempo de crescimento dita o cronograma de aplicações; em cultivares de ciclo precoce, a janela para aplicação de fungicidas e nitrogênio é muito estreita, e atrasos podem comprometer irreversivelmente a produtividade.
- Risco de Giberela e Brusone: O tempo que a planta permanece na fase de florescimento é crítico; períodos prolongados de molhamento foliar e temperaturas específicas nessa fase aumentam o risco de doenças fúngicas que afetam a qualidade do grão.
- Qualidade Industrial: A colheita deve ser realizada assim que a umidade do grão permitir (geralmente em torno de 13% a 15%), pois a permanência do trigo maduro no campo sob chuva pode causar a germinação na espiga, reduzindo o PH (Peso do Hectolitro) e a força do glúten.
- Sistema de Sucessão: A escolha de uma cultivar com o tempo de crescimento adequado é determinante para não atrasar o plantio da safra de verão subsequente, garantindo a rentabilidade anual do sistema produtivo.