O que é Recuperação De Pastagens

A recuperação de pastagens é um conjunto estratégico de intervenções agronômicas destinado a restabelecer a capacidade produtiva de áreas forrageiras que apresentam sinais de degradação, como baixa produção de biomassa, solo exposto e infestação de plantas daninhas. No contexto do agronegócio brasileiro, onde a pecuária a pasto é predominante, essa prática é fundamental para intensificar a produção animal sem a necessidade de abertura de novas áreas, promovendo a sustentabilidade e a rentabilidade do sistema. Diferente da reforma, que implica na destruição total da vegetação para um novo plantio, a recuperação busca corrigir as deficiências do ambiente existente.

O processo envolve, primariamente, a correção da fertilidade do solo e a melhoria de suas propriedades físicas, permitindo que a forrageira retome seu vigor. Uma das técnicas mais eficazes dentro da recuperação é a introdução de leguminosas, como o estilosantes, em consórcio com gramíneas já estabelecidas ou durante a renovação parcial. Essa prática, conhecida como enriquecimento de pastagem, utiliza a capacidade das leguminosas de fixar nitrogênio atmosférico e transferi-lo ao solo, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos nitrogenados e aumentando o teor de proteína na dieta animal.

Além do aspecto químico, a recuperação de pastagens foca na reestruturação do manejo. A degradação muitas vezes ocorre devido ao superpastejo ou à falta de reposição de nutrientes. Portanto, recuperar a área exige não apenas insumos, mas um ajuste na taxa de lotação e no sistema de pastejo, garantindo que as plantas tenham tempo de descanso adequado para rebrotar e desenvolver raízes profundas, essenciais para a tolerância à seca e para a descompactação do solo.

Principais Características

  • Consorciação Estratégica: Utilização de leguminosas (como o estilosantes) combinadas com gramíneas (como Brachiaria) para aumentar a oferta de nitrogênio no sistema e melhorar a qualidade nutricional da forragem.

  • Fixação Biológica de Nitrogênio: Capacidade de plantas introduzidas na recuperação de capturar nitrogênio do ar e incorporá-lo ao solo, funcionando como uma adubação natural e contínua.

  • Melhoria da Estrutura do Solo: Estímulo ao desenvolvimento de raízes profundas (que podem chegar a 1,5 metro no caso do estilosantes), auxiliando na descompactação e na infiltração de água.

  • Aumento de Matéria Orgânica: Incremento na produção de biomassa e palhada, protegendo o solo contra erosão, radiação solar excessiva e perda de umidade.

  • Ciclagem de Nutrientes: O sistema recuperado promove uma decomposição equilibrada, onde a gramínea (decomposição lenta) e a leguminosa (decomposição rápida) mantêm o fluxo de nutrientes ativo.

Importante Saber

  • Manejo da Luz e Pastejo: Em sistemas consorciados para recuperação, é crucial manejar a altura do pasto para evitar que a gramínea sombreie excessivamente a leguminosa; o pastejo deve ser ajustado para favorecer a entrada de luz.

  • Diagnóstico de Solo: Antes de iniciar qualquer processo de recuperação, a análise de solo é indispensável para determinar a necessidade de calagem e adubação corretiva, especialmente de fósforo.

  • Profundidade de Semeadura: Ao introduzir espécies para enriquecimento, como o estilosantes, a semente não deve ser enterrada profundamente (máximo 2 cm), pois isso compromete a germinação e o estabelecimento.

  • Época de Intervenção: As práticas de recuperação, especialmente o plantio de novas espécies, devem coincidir com o período chuvoso (regiões com 700 mm a 1.800 mm anuais) para garantir o desenvolvimento inicial.

  • Redução de Custos Futuros: Embora exija investimento inicial, a recuperação bem feita com leguminosas reduz significativamente a necessidade de adubação nitrogenada de cobertura nas safras ou ciclos de pastejo seguintes.

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