Guia Completo de Defensivos Agrícolas: Tipos, Aplicação e Segurança
Defensivos agrícolas: entenda os diferentes tipos, dicas de aplicação e segurança no uso destes produtos tão importantes na produção
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A resistência de defensivos agrícolas é um fenômeno biológico e evolutivo caracterizado pela capacidade de uma praga, doença ou planta daninha sobreviver e se reproduzir após a exposição a uma dose de defensivo que seria letal para a maioria dos indivíduos daquela população. No contexto do agronegócio brasileiro, esse processo ocorre principalmente devido à “pressão de seleção”: ao utilizar repetidamente produtos com o mesmo mecanismo de ação, eliminam-se os indivíduos suscetíveis, enquanto os naturalmente resistentes sobrevivem, multiplicam-se e passam essa característica genética para as gerações futuras, tornando o controle químico ineficaz ao longo do tempo.
Este problema é agravado pelas condições climáticas tropicais do Brasil e pelo sistema de produção intensivo, como a sucessão de culturas (safra e safrinha) e a ausência de invernos rigorosos, que permitem a permanência das pragas no campo durante todo o ano. A resistência não significa apenas que o produto “ficou fraco”, mas sim que a população do organismo-alvo mudou geneticamente. Isso resulta em falhas de controle, necessidade de reaplicações, aumento das doses e, consequentemente, elevação significativa nos custos de produção e riscos ambientais.
Para o produtor rural e o agrônomo, a resistência representa um dos maiores desafios técnicos da atualidade. Ela pode ocorrer em insetos (resistência a inseticidas), fungos (resistência a fungicidas) e plantas daninhas (resistência a herbicidas). O manejo inadequado, como a falta de rotação de ingredientes ativos e a aplicação de subdosagens, acelera drasticamente esse processo, podendo inutilizar moléculas químicas importantes para a proteção das lavouras em poucas safras se não houver um planejamento rigoroso.
Hereditariedade: A resistência é uma característica genética que é transmitida dos indivíduos sobreviventes para seus descendentes, aumentando a proporção de organismos resistentes na população a cada geração.
Mecanismo de Ação Específico: A resistência geralmente está atrelada ao modo como o produto atua no organismo; o uso contínuo de produtos do mesmo grupo químico (mesmo mecanismo) é o principal fator causador.
Resistência Cruzada: Ocorre quando uma praga desenvolve resistência a um defensivo e, automaticamente, torna-se resistente a outros produtos que possuem o mesmo mecanismo de ação, mesmo que nunca tenha sido exposta a eles.
Resistência Múltipla: Situação mais grave onde o organismo acumula mecanismos de resistência a diferentes grupos químicos, tornando o controle extremamente difícil e limitando as opções de manejo.
Irreversibilidade a Curto Prazo: Uma vez estabelecida uma população resistente em uma área, é difícil reverter o quadro rapidamente; a molécula afetada pode perder sua eficácia naquela região por longos períodos.
Rotação de Mecanismos de Ação: É fundamental alternar produtos com diferentes modos de ação (e não apenas trocar o nome comercial) para quebrar o ciclo de seleção de indivíduos resistentes.
Adoção do MIP e MID: O Manejo Integrado de Pragas e Doenças é essencial; o uso de controle biológico, cultural e o monitoramento constante reduzem a dependência exclusiva do controle químico.
Respeito à Bula e Doses: Aplicar subdosagens (doses menores que a recomendada) é um erro grave que favorece a sobrevivência de indivíduos moderadamente resistentes, acelerando a evolução da resistência.
Tecnologia de Aplicação: A má qualidade na aplicação (bicos inadequados, deriva, falta de cobertura) pode ser confundida com resistência; garantir que o produto atinja o alvo é o primeiro passo antes de diagnosticar falhas do produto.
Refúgio e Manejo de Biotecnologia: Em culturas transgênicas (como soja e milho Bt), o plantio de áreas de refúgio é obrigatório para manter uma população de insetos suscetíveis e diluir a resistência.
Identificação Correta: Antes de aplicar qualquer produto, é crucial identificar corretamente a espécie da praga ou doença, pois o uso de um defensivo não recomendado ou pouco eficiente para aquele alvo específico pode induzir resistência sem gerar controle.
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