Nuvem de Gafanhotos no Brasil: O Que o Produtor Precisa Saber
Nuvem de gafanhotos no Brasil: Entenda o contexto histórico, as principais características desses insetos e quais medidas o país tem tomado.
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A Schistocerca cancellata, conhecida popularmente como gafanhoto-sul-americano, é uma espécie de inseto ortóptero que representa uma das principais pragas transfronteiriças da América do Sul. Originária principalmente da região do Chaco (que abrange partes do Paraguai, Argentina e Bolívia), esta espécie possui uma característica biológica distinta chamada polimorfismo de fase. Isso significa que o inseto pode alternar entre uma fase solitária, onde é inofensivo e sedentário, e uma fase gregária, momento em que forma nuvens massivas e migratórias com alto poder destrutivo.
No contexto do agronegócio brasileiro, a Schistocerca cancellata é monitorada com rigor, especialmente nas regiões de fronteira do Sul do país. Embora o Brasil possua espécies nativas de gafanhotos, como o Rhammatocerus pictus, o gafanhoto-sul-americano desperta maior alerta devido à sua capacidade de percorrer longas distâncias (até 150 km por dia) e à sua voracidade extrema. Históricos de infestações severas ocorreram no final da década de 1940, e ressurgimentos recentes de nuvens próximas à fronteira brasileira reacenderam a necessidade de vigilância fitossanitária constante.
A transformação para a fase migratória e agressiva ocorre geralmente devido a uma combinação de fatores climáticos e ambientais, como invernos amenos seguidos de secas e altas temperaturas (acima de 30°C), aliados à escassez de alimento na região de origem. Quando esses gatilhos são acionados, os insetos mudam de cor, aumentam sua taxa de reprodução e passam a se deslocar em enxames que podem conter centenas de milhões de indivíduos, devastando pastagens e lavouras de diversas culturas, como milho, cana-de-açúcar e soja.
Polimorfismo de Fase: Capacidade de alterar sua morfologia (cor) e comportamento (de solitário para gregário) em resposta à densidade populacional e condições ambientais.
Alta Voracidade: Um único indivíduo consome cerca de duas gramas de matéria verde por dia; uma nuvem média pode consumir o equivalente à alimentação de milhares de bovinos em 24 horas.
Potencial Reprodutivo Elevado: As fêmeas podem realizar até seis posturas durante o ciclo de vida, depositando de 80 a 100 ovos por vez no solo, garantindo o crescimento exponencial da população.
Hábito Migratório Diurno: As nuvens se deslocam preferencialmente durante o dia, aproveitando as correntes de vento, e pousam ao entardecer para se alimentar e realizar a oviposição.
Polifagia: É um inseto polífago, ou seja, alimenta-se de uma vasta gama de espécies vegetais, atacando desde pastagens nativas até culturas agrícolas comerciais e vegetação arbórea.
Diferenciação de Espécies: É crucial não confundir a Schistocerca cancellata com gafanhotos nativos do Brasil (“tucuras”), que geralmente possuem menor capacidade de voo e formam infestações mais localizadas e menos agressivas.
Risco Duplo: O perigo da praga não reside apenas no consumo imediato da lavoura, mas também na postura de ovos no solo durante as paradas noturnas, o que pode gerar novos focos de infestação (ninfas) semanas depois.
Monitoramento Climático: Produtores, especialmente na região Sul, devem estar atentos aos alertas fitossanitários em períodos de seca prolongada e altas temperaturas nos países vizinhos, condições que favorecem a formação de nuvens.
Notificação Obrigatória: A presença de nuvens ou aglomerações suspeitas de gafanhotos deve ser imediatamente notificada aos órgãos estaduais de defesa agropecuária ou ao Ministério da Agricultura (MAPA) para controle coordenado.
Janela de Controle: O controle químico é mais eficiente nas fases de ninfa (quando os insetos ainda não voam e formam bandos saltões no solo) ou durante o repouso noturno dos adultos, exigindo coordenação rápida e precisa.
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