Mofo-Branco: O Guia Completo para Identificar e Controlar na Sua Lavoura
Mofo-branco: Características da doença, desenvolvimento e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.
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Sclerotinia sclerotiorum é um fungo fitopatogênico de solo, amplamente distribuído no território brasileiro e mundial, sendo o agente causal da doença conhecida popularmente como mofo-branco ou podridão-de-Sclerotinia. Este patógeno é considerado um dos mais destrutivos e de difícil controle na agricultura moderna, devido à sua capacidade de atacar mais de 400 espécies de plantas, com destaque para culturas de alto valor econômico como soja, feijão, algodão, girassol e canola. A sua biologia permite que ele sobreviva em condições adversas, tornando-se um desafio persistente para o produtor rural.
A principal característica que torna o S. sclerotiorum uma ameaça tão severa é a formação de estruturas de resistência chamadas escleródios. Estas estruturas, que se assemelham a pequenas sementes escuras e rígidas, permitem que o fungo permaneça viável no solo por longos períodos, que podem chegar a até 10 anos, mesmo na ausência de plantas hospedeiras. Quando as condições ambientais se tornam favoráveis — geralmente alta umidade e temperaturas amenas — esses escleródios germinam, liberando esporos ou micélios que infectam as plantas, iniciando um novo ciclo da doença e comprometendo severamente a produtividade da lavoura.
No contexto do agronegócio brasileiro, a presença deste fungo exige um manejo integrado rigoroso. Como ele não afeta gramíneas (como milho, trigo e pastagens), o entendimento de seu ciclo de vida é fundamental para o planejamento de rotação de culturas. A infecção resulta em sintomas visíveis, como o crescimento de um micélio branco e algodoado sobre as hastes, folhas e vagens, levando ao apodrecimento dos tecidos vegetais e, consequentemente, a perdas que podem atingir até 70% da produção em casos severos na cultura da soja.
Polifagia Extensa: O fungo possui uma gama de hospedeiros extremamente ampla, atacando a maioria das dicotiledôneas (soja, feijão, algodão), mas é incapaz de infectar monocotiledôneas (gramíneas), o que é um ponto chave para o manejo.
Formação de Escleródios: Produz massas compactas de hifas endurecidas (escleródios) com melanina, que garantem a sobrevivência no solo durante a entressafra e resistem à degradação biológica e química.
Germinação Carpogênica e Micelogênica: Pode germinar formando apotécios (pequenos cogumelos que liberam ascósporos no ar) ou diretamente como micélio (hifas) que infectam a base da planta, dependendo da cultura e condições.
Sinais Visuais Típicos: A doença manifesta-se através de lesões encharcadas que evoluem para o crescimento de um mofo branco denso (micélio) e, posteriormente, a formação de novos escleródios pretos na superfície ou interior da planta.
Preferência Climática: O desenvolvimento do patógeno é favorecido por ambientes com alta umidade relativa do ar, solos úmidos e temperaturas amenas a frias, sendo comum em áreas irrigadas ou anos chuvosos.
Disseminação por Sementes: Uma das principais vias de entrada do fungo em áreas isentas é através de sementes contaminadas, que podem carregar micélio dormente internamente ou escleródios misturados ao lote, exigindo uso de sementes certificadas e tratadas.
Risco do Maquinário Agrícola: Tratores e colheitadeiras que operam em áreas infestadas podem transportar escleródios aderidos aos pneus ou implementos para talhões sadios, tornando a limpeza de equipamentos uma medida profilática essencial.
Estratégia de Rotação de Culturas: Como o S. sclerotiorum não parasita gramíneas, a rotação com milho, trigo, aveia ou braquiária é fundamental para reduzir o banco de escleródios no solo através da indução de germinação sem hospedeiro (germinação suicida).
Identificação de Apotécios: O monitoramento da lavoura deve buscar não apenas os sintomas nas plantas, mas a presença de apotécios no solo sob o dossel, pois eles indicam a liberação iminente ou ativa de esporos infectantes.
Controle Químico e Biológico: O manejo eficiente muitas vezes requer a aplicação preventiva de fungicidas específicos na época da florada (principal porta de entrada dos esporos) e o uso de agentes biológicos (como Trichoderma spp.) que parasitam os escleródios no solo.
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