O que é Secagem De Grãos

A secagem de grãos é uma operação crítica na etapa de pós-colheita, que consiste na remoção artificial ou natural do excesso de água contido nos grãos recém-colhidos, reduzindo seu teor de umidade para níveis seguros de armazenamento e comercialização. No contexto do agronegócio brasileiro, onde as colheitas frequentemente ocorrem com teores de umidade entre 16% e 25% para evitar perdas por deiscência (abertura das vagens) ou deterioração no campo, a secagem torna-se um processo industrial indispensável para garantir a longevidade do produto.

O objetivo fisiológico da secagem é diminuir a atividade metabólica do grão. Ao reduzir a quantidade de água livre, desacelera-se a “respiração” da semente e inibe-se o desenvolvimento de microrganismos, como fungos fermentadores e bactérias, além de dificultar a proliferação de pragas de armazém. Sem esse processo, a massa de grãos entraria rapidamente em processo de aquecimento e decomposição, resultando em perdas totais de qualidade física e química em poucos dias.

Tecnicamente, o processo envolve a transferência de calor e massa, onde o ar aquecido (ou natural com baixa umidade relativa) passa pela massa de grãos, absorvendo a umidade da superfície e do interior da semente e transportando-a para fora do sistema. A eficiência dessa operação define não apenas a capacidade de conservação do estoque, mas também a rentabilidade final do produtor, visto que a venda de grãos úmidos acarreta descontos severos nas tabelas de classificação das tradings e cooperativas.

Principais Características

  • Redução da Atividade Biológica: A característica central é a indução da latência no grão, reduzindo drasticamente sua taxa respiratória e o consumo de suas próprias reservas nutricionais.

  • Controle de Temperatura: O processo exige monitoramento rigoroso da temperatura do ar de secagem; temperaturas excessivas podem causar danos físicos (trincas), químicos (desnaturação de proteínas) e fisiológicos (morte do embrião em sementes).

  • Movimentação de Ar: Depende fundamentalmente do fluxo de ar (vazão e pressão) que atravessa a massa de grãos para carregar a umidade evaporada para fora do secador ou silo.

  • Homogeneidade do Lote: Busca uniformizar o teor de umidade de todo o lote, evitando bolsões úmidos que podem se tornar focos de fermentação e aquecimento dentro do silo de armazenagem.

  • Equilíbrio Higroscópico: O processo deve considerar que o grão tende a entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar ambiente; portanto, a secagem deve atingir um ponto onde o grão não ceda nem absorva umidade excessiva durante a estocagem.

Importante Saber

  • Teor de Umidade Ideal: Para a maioria das commodities como soja e milho no Brasil, a umidade alvo para comercialização e armazenamento seguro gira em torno de 13% a 14%. Armazenamentos superiores a um ano podem exigir umidades ainda menores (11-12%).

  • Danos por Secagem Rápida: Acelerar o processo com calor excessivo pode provocar o “cavilhamento” (fissuras internas) e a quebra dos grãos durante o manuseio posterior, reduzindo o valor comercial e facilitando o ataque de insetos.

  • Quebra de Peso Técnica: O produtor deve estar ciente de que a secagem resulta em perda de peso físico (evaporação da água) e perda técnica (impurezas voláteis), o que impacta o volume final a ser comercializado.

  • Diferença entre Grão e Semente: Se o objetivo é a produção de sementes, a temperatura do ar de secagem não deve ultrapassar 40°C-45°C para não comprometer o vigor e a germinação; para grãos comerciais, toleram-se temperaturas mais altas.

  • Limpeza Prévia: É altamente recomendável realizar a pré-limpeza dos grãos antes da secagem, pois impurezas e materiais estranhos dificultam a passagem do ar e aumentam o risco de incêndios nos secadores.

  • Resfriamento Pós-Secagem: Após atingir a umidade desejada, é crucial resfriar a massa de grãos antes de enviá-la para o silo de armazenagem para evitar a condensação de água (suor) e a migração de umidade no topo do silo.

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