Módulo 3 - Aula 2: Identificação Visual e Níveis de Controle das Principais Pragas em Grãos
Aprenda a identificar visualmente as principais pragas da soja e milho e conheça os níveis de controle técnicos para decisão de aplicação
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No contexto do agronegócio brasileiro, a tag “Soja Milho” refere-se ao sistema de sucessão de culturas mais predominante no país, onde a soja é cultivada na safra de verão e o milho entra imediatamente na sequência como segunda safra (safrinha). Embora agronomicamente sejam culturas distintas, o manejo fitossanitário — especialmente o Manejo Integrado de Pragas (MIP) — deve ser encarado de forma sistêmica, uma vez que muitas pragas são polífagas e transitam entre as duas culturas, aproveitando a “ponte verde” criada pela disponibilidade contínua de alimento no campo.
Este sistema intensivo exige um monitoramento rigoroso, pois pragas como o complexo de lagartas (Helicoverpa spp. e Spodoptera frugiperda) e percevejos podem sobreviver na soja e migrar para o milho, ou vice-versa, aumentando a pressão populacional e o risco de danos econômicos. A gestão eficiente deste binômio envolve não apenas o plantio e colheita, mas a identificação visual precisa dos insetos e a aplicação de níveis de controle científicos para evitar aplicações desnecessárias de defensivos ou perdas por controle tardio.
A compreensão técnica da interação Soja-Milho é vital para a sustentabilidade econômica da fazenda. Dados indicam que erros na identificação de pragas e no timing de controle neste sistema podem gerar prejuízos de até R 480,00 por hectare em aplicações errôneas, além de perdas diretas de produtividade. Portanto, o termo engloba a estratégia de proteção de cultivos graneleiros em um ciclo anual contínuo.
Pragas Polífagas e Cosmopolitas: O sistema favorece a permanência de insetos que atacam ambas as culturas, como a Helicoverpa armigera e a Spodoptera frugiperda, exigindo estratégias de manejo de resistência a inseticidas devido à exposição contínua a princípios ativos.
Metodologias de Monitoramento Distintas: Embora as pragas sejam compartilhadas, o método de amostragem varia; utiliza-se predominantemente o pano-de-batida na soja para quantificar lagartas por metro, enquanto no milho a avaliação é visual ou por planta, focando na porcentagem de plantas atacadas ou espigas danificadas.
Níveis de Controle Dinâmicos: Os gatilhos para tomada de decisão mudam conforme o estádio fenológico. Na soja, tolera-se maior desfolha no vegetativo (30%) do que no reprodutivo (15%), enquanto no milho a tolerância a danos nas espigas é significativamente menor.
Complexidade na Identificação Visual: A coexistência de espécies morfologicamente similares, como Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea, demanda análise técnica detalhada (observação de tubérculos, textura e cerdas) para definir o manejo correto, já que possuem comportamentos e preferências alimentares diferentes.
Custo da Não-Ação: Ignorar os níveis de controle ou realizar o monitoramento de forma inadequada pode resultar em perdas severas. A Helicoverpa armigera sozinha causa prejuízos bilionários anuais; o controle deve ser iniciado assim que a população atingir o Nível de Controle (NC), que é sempre inferior ao Nível de Dano Econômico.
Preservação de Inimigos Naturais: O uso indiscriminado de defensivos sem respeitar os níveis de controle reduz a população de inimigos naturais em até 85%. A identificação correta permite o uso de produtos seletivos, mantendo o equilíbrio biológico do sistema soja-milho.
Diferenciação de Danos: É crucial distinguir o tipo de dano para a escolha do produto. Lagartas desfolhadoras exigem uma estratégia diferente das pragas que atacam diretamente as estruturas reprodutivas (vagens na soja e espigas no milho), onde o dano econômico é direto e imediato.
Atenção aos Vetores: Além das lagartas, o sistema sofre com vetores de doenças, como a cigarrinha (Dalbulus maidis) no milho e percevejos na soja. O monitoramento deve ser constante, pois estes insetos podem transmitir patógenos que comprometem a produtividade mesmo com baixas populações visíveis.
Janela de Aplicação: A eficiência do controle químico está diretamente ligada ao tamanho da praga. Lagartas menores (até 1,5 cm) são mais fáceis de controlar; após esse estágio, ou quando se alojam dentro das espigas do milho, a eficácia dos defensivos cai drasticamente.
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