O que é Spodoptera

O gênero Spodoptera engloba um grupo de mariposas da ordem Lepidoptera cujas lagartas representam algumas das pragas mais devastadoras para a agricultura brasileira. Embora existam diversas espécies, a Spodoptera frugiperda, popularmente conhecida como lagarta-do-cartucho, é a mais expressiva economicamente, sendo a principal praga da cultura do milho no Brasil. Além dela, o complexo de Spodoptera inclui espécies como S. eridania e S. cosmioides, que têm ganhado relevância crescente em sistemas de produção de soja e algodão devido à sua polifagia e capacidade de adaptação.

No contexto do agronegócio nacional, o controle dessas lagartas é um dos maiores desafios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Elas são conhecidas por sua alta voracidade e capacidade de causar danos severos tanto na fase vegetativa quanto na reprodutiva das culturas. No milho, a S. frugiperda aloja-se preferencialmente no cartucho da planta, onde fica protegida da ação de inseticidas e inimigos naturais, raspando as folhas e destruindo o ponto de crescimento. Já na soja, essas lagartas atacam as folhas e, em estádios mais avançados, podem consumir as vagens, impactando diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos.

A importância prática do manejo de Spodoptera reside na sua rápida evolução de resistência a defensivos químicos e a certas proteínas inseticidas presentes em plantas geneticamente modificadas (tecnologia Bt). Isso exige do produtor uma estratégia técnica rigorosa, baseada em monitoramento constante e rotação de mecanismos de ação, para evitar prejuízos que, no cenário de grãos, contribuem significativamente para as perdas anuais bilionárias do setor agrícola brasileiro.

Principais Características

  • Identificação Morfológica: A Spodoptera frugiperda possui características marcantes, como um “Y” invertido na cabeça e quatro pontos pretos dispostos em quadrado no final do abdômen, facilitando a diferenciação no campo.

  • Comportamento Canibal: Apresentam forte comportamento canibal, especialmente em altas densidades populacionais ou espaços confinados (como o cartucho do milho), o que geralmente resulta em apenas uma lagarta grande por planta.

  • Hábito Noturno e de Abrigo: As lagartas tendem a se abrigar no solo ou dentro das estruturas das plantas (cartuchos, vagens) durante as horas mais quentes do dia, saindo para se alimentar preferencialmente à noite ou em dias nublados.

  • Ciclo Biológico Rápido: Em condições de clima tropical como o do Brasil, o ciclo de vida se completa rapidamente (cerca de 30 dias), permitindo múltiplas gerações dentro de uma mesma safra (“pontes verdes”).

  • Polifagia Extrema: Alimentam-se de uma vasta gama de hospedeiros, incluindo milho, soja, algodão, feijão, sorgo e diversas gramíneas, o que facilita sua permanência na área durante todo o ano.

Importante Saber

  • Monitoramento Rigoroso é Obrigatório: Devido ao hábito de se esconderem, o monitoramento visual direto (no milho) e o uso do pano-de-batida (na soja) são essenciais. A amostragem deve ser frequente (até 2x por semana em fases críticas) para detectar a praga antes que ela entre no cartucho ou cause danos irreversíveis.

  • Momento Ideal de Controle: A eficiência dos inseticidas é drasticamente maior em lagartas pequenas (até 1,5 cm ou instares iniciais). Lagartas grandes, protegidas dentro do cartucho ou com fisiologia mais robusta, são de difícil controle e exigem doses maiores, elevando o custo.

  • Manejo de Resistência: A rotação de princípios ativos químicos e o uso de refúgio em áreas com tecnologia Bt são vitais. O uso repetitivo do mesmo produto acelera a seleção de populações resistentes, inutilizando ferramentas de controle em poucas safras.

  • Danos na Fase Reprodutiva: Embora associada ao cartucho do milho na fase vegetativa, a Spodoptera também ataca a espiga (milho) e as vagens (soja). Esse dano direto ao grão é o que traz maior prejuízo econômico imediato e depreciação do produto colhido.

  • Integração de Métodos: O controle químico isolado raramente é sustentável economicamente a longo prazo. O uso de controle biológico (como Trichogramma ou Baculovirus) e a preservação de inimigos naturais devem compor a estratégia para manter a população abaixo do Nível de Controle (NC).

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