O que é Spodoptera Eridania

A Spodoptera eridania, popularmente conhecida como lagarta-das-folhas ou lagarta-das-vagens, é uma espécie de inseto da ordem Lepidoptera que tem ganhado destaque negativo no cenário agrícola brasileiro. Trata-se de uma praga polífaga, ou seja, que possui a capacidade de se alimentar e desenvolver em uma ampla variedade de culturas de importância econômica, incluindo soja (Glycine max), milho (Zea mays), arroz (Oryza sativa), algodão e diversas plantas daninhas. Embora historicamente tenha sido classificada como uma praga secundária — aparecendo esporadicamente e causando danos menores —, o cenário mudou nas últimas safras, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil.

O aumento populacional desta espécie e a frequência de seus ataques têm preocupado produtores e agrônomos, pois a Spodoptera eridania deixou de ser apenas uma consumidora de folhagem para se tornar uma ameaça direta à produtividade. Além da desfolha, que reduz a área fotossintética da planta, a lagarta ataca estruturas reprodutivas, como as vagens na cultura da soja, comprometendo diretamente a formação de grãos e a qualidade final do produto colhido. Esse comportamento agressivo, somado à sua capacidade de adaptação, exige que o monitoramento no campo seja rigoroso e constante.

No contexto do Manejo Integrado de Pragas (MIP), a correta identificação desta espécie é o primeiro passo para evitar prejuízos. Muitas vezes confundida com outras lagartas do gênero Spodoptera, a eridania possui características específicas de comportamento e morfologia que, se ignoradas, podem levar a falhas no controle químico ou biológico. Sua presença na lavoura indica a necessidade de estratégias de manejo que contemplem não apenas a cultura principal, mas também o controle de plantas daninhas que servem de “ponte verde” na entressafra.

Principais Características

  • Padrão Visual Distinto: A lagarta apresenta uma série de triângulos negros ao longo do dorso e uma listra lateral (branca ou amarela) no primeiro segmento abdominal que não chega até a cabeça, diferenciando-a de outras espécies.

  • Hábito Noturno e Proteção: As lagartas possuem fotofobia (aversão à luz), preferindo abrigar-se no baixeiro das plantas e na face inferior das folhas durante o dia, saindo para se alimentar intensamente à noite.

  • Ciclo Biológico Rápido: O ciclo completo dura cerca de 40 dias, dependendo da temperatura, com a fase larval variando entre 15 e 19 dias, o que permite múltiplas gerações em uma mesma safra.

  • Postura de Ovos Protegida: As fêmeas depositam massas de ovos (até 800 por ciclo) cobertas por escamas do próprio corpo, uma estratégia evolutiva que dificulta a ação de predadores e de alguns inseticidas.

  • Pupação no Solo: Ao final da fase larval, a lagarta desce para o solo e se enterra entre 5 cm e 10 cm de profundidade para empupar, permanecendo nessa fase por cerca de 9 a 11 dias.

  • Polifagia: Alimenta-se de diversas estruturas da planta, incluindo folhas, caules e vagens, o que agrava o potencial de dano econômico em estágios reprodutivos da cultura.

Importante Saber

  • Diferenciação é Crucial: É fundamental distinguir a S. eridania da S. frugiperda (que tem o “Y” invertido na cabeça) e da S. cosmioides (listras alaranjadas até a cabeça), pois a suscetibilidade a inseticidas e tecnologias Bt pode variar entre as espécies.

  • Monitoramento no Baixeiro: Devido ao seu hábito de se esconder da luz, inspeções superficiais ou apenas no terço superior da planta podem subestimar a população da praga; é necessário vistoriar o terço inferior e o verso das folhas.

  • Manejo de Entressafra: A praga utiliza plantas daninhas e culturas de cobertura como hospedeiras alternativas; portanto, a dessecação antecipada e o controle de daninhas são vitais para quebrar o ciclo da praga antes do plantio.

  • Impacto na Qualidade: O ataque direto às vagens e grãos não reduz apenas o volume produzido, mas afeta a qualidade comercial da colheita, aumentando o percentual de grãos avariados.

  • Momento de Controle: A eficiência dos métodos de controle é significativamente maior quando aplicada em lagartas de instares iniciais (pequenas); lagartas grandes e protegidas no baixeiro são de difícil erradicação.

  • Resistência e Tecnologia: O aumento da incidência desta praga pode estar associado à seleção de indivíduos resistentes ou à menor eficácia de certas tecnologias transgênicas específicas para essa espécie, exigindo rotação de modos de ação.

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