Artigos sobre Spodoptera Frugiperda

O que é Spodoptera Frugiperda

A Spodoptera frugiperda, popularmente conhecida como lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, é considerada uma das pragas de maior importância econômica e potencial destrutivo na agricultura brasileira. Trata-se da fase larval de uma mariposa da ordem Lepidoptera, que se destaca por ser um inseto polífago, ou seja, possui a capacidade de se alimentar e completar seu ciclo biológico em diversas culturas de interesse comercial, incluindo milho, soja, algodão, sorgo e feijão, além de diversas plantas daninhas e gramíneas.

No contexto do agronegócio nacional, a presença desta praga é favorecida pelo clima tropical e pelo sistema de sucessão de culturas (como a safrinha), que garantem a disponibilidade de alimento durante todo o ano, criando as chamadas “pontes verdes”. Embora seu nome popular derive do hábito característico de se alojar e destruir o cartucho das plantas de milho, reduzindo drasticamente a área foliar fotossinteticamente ativa, a Spodoptera frugiperda também ataca plântulas (cortando-as rente ao solo), espigas e estruturas reprodutivas, podendo causar perdas de produtividade que chegam a 60% se não manejada corretamente.

O controle deste inseto é um desafio constante devido à sua alta capacidade de adaptação, elevado potencial reprodutivo e histórico de desenvolvimento de resistência a diversos grupos químicos de inseticidas e até mesmo a algumas proteínas Bt (transgenia). Por isso, o entendimento profundo de sua bioecologia é fundamental para a implementação de estratégias de defesa fitossanitária eficientes.

Principais Características

• Hábito Polífago: Alimenta-se de mais de 100 espécies de plantas, permitindo sua sobrevivência e multiplicação em diferentes sistemas produtivos e plantas de cobertura.

• Ciclo Biológico Rápido: Em condições de temperaturas elevadas (verão), o ciclo completo (ovo a adulto) pode ocorrer em cerca de 30 dias, permitindo múltiplas gerações em uma mesma safra.

• Alto Potencial Reprodutivo: Uma única fêmea tem capacidade de realizar a postura de até 1.000 ovos, geralmente depositados em massas e protegidos por escamas, o que facilita a rápida infestação da lavoura.

• Comportamento Agressivo e Canibalismo: As lagartas apresentam comportamento agressivo, competindo por alimento e espaço, sendo comum o canibalismo, especialmente quando confinadas no cartucho do milho.

• Identificação Visual: Os ovos variam de verde-claro a alaranjado/escuro antes da eclosão; as lagartas possuem um “Y” invertido na cabeça e quatro pontos formando um quadrado no final do abdômen; os adultos são mariposas com dimorfismo sexual de cor.

• Danos Variados: Causa desde o sintoma de “coração morto” em plântulas jovens até a destruição de folhas, cartuchos, pendões e espigas, comprometendo a qualidade dos grãos.

Importante Saber

• Monitoramento é Obrigatório: A aplicação de defensivos não deve ser feita de forma calendarizada, mas sim baseada em amostragem constante (pelo menos 5 pontos por talhão) para identificar o nível de dano econômico.

• Manejo da Resistência: Devido à facilidade da praga em adquirir resistência, é crucial rotacionar os mecanismos de ação dos inseticidas químicos e não depender exclusivamente de uma única tecnologia.

• Períodos Críticos: No milho, a atenção deve ser redobrada desde a emergência até o estágio V6 (fase vegetativa inicial) e novamente no pré-florescimento até a formação de grãos.

• Adoção do MIP: O Manejo Integrado de Pragas é a estratégia mais eficaz, combinando controle químico, biológico (uso de Baculovirus, Trichogramma, etc.) e cultural para manter a população da praga sob controle.

• Tecnologia de Aplicação: Como a lagarta tende a se esconder dentro do cartucho do milho durante o dia, a tecnologia de aplicação deve garantir que o produto atinja o alvo, muitas vezes exigindo horários específicos (noturnos) ou volumes de calda adequados.

• Identificação Precoce: Reconhecer a praga nos primeiros instares (lagartas pequenas) facilita o controle, pois lagartas maiores (acima de 1,5 cm) são mais tolerantes aos inseticidas e mais difíceis de combater.